Kampala (Dos enviados especiais) - O Presidente da República, João Lourenço, defendeu este sábado, em Kampala, Uganda, maior atenção aos pilares estratégicos que consistem em promover a produção alimentar, a agro-indústria e o comércio durável no continente.
João Lourenço, que falava na abertura da Cimeira Extraordinária dos chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA) sobre o Programa Abrangente para o Desenvolvimento da Agricultura em África (CAADP), apelou aos Estados-membros para defender com determinação e convicção os seis pilares em que assenta o Plano de Acção que compõe o CAADP.
Sublinhou que os pilares constituem um roteiro que conduzirá, de certeza, a bons resultados, tendo em conta a necessidade de os adaptar aos contextos nacionais específicos.
Constam ainda do plano a necessidade de estimular o investimento e o financiamento da transformação, garantir a segurança alimentar e nutricional para todos, promover a inclusão e os meios de subsistência equitativo, construir sistemas agro-alimentares resilientes e reforçar a governação dos sistemas agro-alimentares.
Segundo o Chefe de Estado, este programa deve constituir a base de atracção dos investimentos para a agricultura, para a produção de adubos e fertilizantes, de vacinas, de tractores, alfaias agrícolas e de outros insumos, de forma a desenvolver-se uma agricultura que garanta a auto-suficiência e segurança alimentar.
“Os fertilizantes têm um peso considerável na produtividade agrícola, estando, por este facto, explicitamente plasmado na Declaração de Nairobi sobre Fertilizantes e Saúde do Solo e o respectivo Plano de Acção Decenal, requerendo de todos nós uma atenção muito especial, para melhorarmos o desempenho do sector agrícola africano”, frisou.
Acrescentou, ainda, a importância vital da mecanização agrícola, a aceleração da implementação de sistemas de produção e certificação de sementes nos países que ainda não os possuem, a melhoria das infra-estruturas rurais e o desenvolvimento de sistemas de irrigação, para que todos estes factores, no seu conjunto, concorram para a promoção de uma agricultura moderna, com altos níveis de produtividade, competitiva e com capacidade de exportação para mercados externos.
Durante a sua intervenção, na condição de primeiro-vice-presidente da Mesa da Assembleia da União Africana (UA), o estadista angolano sublinhou que as decisões a serem tomadas nesta cimeira definirão o futuro da agricultura em África e o seu papel na prosperidade económica, social e ambiental do continente.
Defendeu, no entanto, a necessidade de colocar a agricultura entre as mais importantes prioridades de cada uma das nações, “pois nela reside a base do desenvolvimento das nossas economias, da segurança alimentar e o caminho para o crescimento inclusivo”.
“Ao dar prioridade à agricultura, estamos a investir no nosso povo, a capacitar os nossos jovens e as nossas mulheres, a criar emprego e oportunidades para as gerações futuras”, afirmou, adiantando que, juntos, os Estados-membros podem tornar realidade a visão de uma África resiliente, próspera, com significativa redução da pobreza, fome, miséria e das doenças derivadas da subnutrição infantil.
João Lourenço destacou, por outro lado, a importância de promover-se iniciativas de defesa do ambiente e de restauração ecológica no continente, como é o caso dos projectos Muralha ou Cortina Verde, com o objectivo de mitigar o avanço da desertificação e regenerar os solos e nascentes degradados pela acção do homem e, em consequência disso, pelas alterações climáticas. HM/VC