Lisboa (Da correspondente) - A ministra das Finanças, Vera Daves, destacou, esta quinta-feira, em Portugal, os desafios da economia angolana, realçando a sua dependência do petróleo e a necessidade da diversificação.
Ao intervir nos segundos encontros das Finanças públicas - Construir Instituições Fortes e Inclusivas, a decorrer em Lisboa, Portugal, a governante referiu que as economias que dependem de uma só matéria-prima tornam os choques externos ainda mais desafiadores e, em função da evolução do preço e da produção, há consequências para quem tem responsabilidade de administrar as finanças públicas.
Referindo-se a um passado recente, Vera Daves disse que Angola passou do "paraíso ao inferno", quando o preço do petróleo baixou de mais de 100 dólares por barril para menos de 30 dólares, em 2014.
Vera Daves lembrou ter havido, em Janeiro de 2016 e depois em Setembro de 2018, uma "leve recuperação" do preço do crude, acima dos 60 dólares por barril, mas depois voltou a cair, ficando acima de 40 e chegou-se em 2020 com poucos investimentos no sector, o que se reflectiu na redução da produção, associada à chegada da pandemia.
Considerou tal situação uma "tempestade perfeita", que baixou o preço do barril para menos de 20 dólares e estava correlacionada com a produção, que era de 1,9 milhões de barris por dia, passando para 1,1 milhões de barris diários - um valor que se mantém mais ou menos constante até hoje.
Ainda na sua intervenção sobre "Reforma das Finanças Públicas - o caminho recente e os grandes desafios em Angola", disse ter-se realizado, no período 2017/2022, um programa de reforma das finanças públicas e batido as portas do Fundo Monetário Internacional (FMI), "tristemente", se concordava com a visão de Angola.
Num primeiro momento, frisou, pensou-se que bastava assistência técnica, mas depois ficou demonstrado que era preciso dinheiro, isso numa clara alusão ao Programa de Financiamento Ampliado, que terminou em Dezembro de 2021, avaliado em 4,5 mil milhões de dólares, um pouco mais de 4,1 mil milhões de euros.
Além da ministra Vera Daves, interveio também no encontro o ex-ministro luso das Finanças João Leão falando sobre "O Papel das Finanças Públicas sólidas, transparentes portuguesas e responsáveis".
Nesta sexta-feira, será a vez da antiga ministra das Finanças de Cabo Verde, Cristina Duarte, abordar o tema "Que caminhos para alinhar as políticas públicas com a transformação do continente?", o ministro das Finanças cabo-verdiano, Olavo Correia, apresenta a "Despesa Pública e Responsabilidade Social e Financeira: o caso de Cabo Verde".
Além dos governantes, também o presidente do Tribunal de Contas de Portugal, José Tavares, várias deputadas lusófonas e o presidente da Orango Investment Corporation, o guineense Paulo Gomes, participam do fórum, que termina esta sexta-feira. EJM/PPA