Oportunidades do Corredor do Lobito dominam Fórum de Investimento em Benguela

     Economia           
  • Benguela     Quinta, 25 Abril De 2024    14h49  
Comboio do CFB transporta minério de cobre
Comboio do CFB transporta minério de cobre
Augusto Cordeiro-ANGOP

Benguela – Os desafios e oportunidades de negócios do Corredor do Lobito para o tecido empresarial é o tema dominante na 1ª edição do Fórum Internacional para Investimento na Região Centro-Sul de Angola, que decorre em Benguela até dia 26 de Abril.

Iniciativa da Câmara de Fomento Empresarial (CAFE) de Angola, com sede em Benguela, nesta conferência estão a ser apresentadas as oportunidades de negócios na Região Centro-Sul, que abrange as províncias de Benguela, Huambo, Bié, Moxico, Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango, com enfoque no Corredor do Lobito, tido como fundamental para o desenvolvimento regional.

Agricultura, Indústria, Mineração, Transportes e Logística são os temas que centralizam as atenções dos empresários, empreendedores, investidores e algumas entidades governamentais das províncias de Benguela, Bié, Cuanza-Sul, Huíla, Huambo e Moxico, reunidas, desde quarta-feira, no Centro de Conferências Sócio-Pastoral Dom Armando Amaral dos Santos.

Até sexta-feira, terceiro e último dia do certame, estão previstos cerca de 300 participantes e oito oradores convidados para este evento, que pretende incentivar parcerias de negócios entre as empresas nacionais e estrangeiras ao longo do também conhecido como “Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB)”.

O Fórum Internacional para Investimento propõe, igualmente, promover uma interacção entre os investidores nacionais e estrangeiros tanto com a governação local, como com representantes de vários Departamentos Ministeriais, visando explorar as oportunidades de negócios na região Centro-Sul.

Quarta-feira, no primeiro painel, as poucas dezenas de convidados, em número ainda longe das expectativas da organização, reflectiram sobre os “Critérios de certificação e legalização de cargas e logística para exportação em Angola”, com a apresentação da Agência Reguladora de Certificação de Carga e Logística de Angola (ARCCLA).

Os participantes também debateram o tema sobre “Potencialidades e capacidades de produção e exportação do café em Angola”, apresentado pelo Instituto Nacional do Café (INCA).

Hoje, quinta-feira, o evento prossegue com o segundo painel que reserva temas sobre “Políticas, estratégias e incentivos para a industrialização na Região Centro-Sul/Corredor do Lobito”, a ser apresentado por um representante do Ministério da Indústria e Comércio, “As vias de comunicação versus programa do governo” – Ministério dos Transportes, e as “Oportunidades para os produtores da Região Centro-Sul”.

Fomento empresarial

Em declarações à ANGOP, o representante da Câmara de Fomento Empresarial, Lucas Abias, almeja a potenciação da classe empresarial regional, para fazer face aos desafios e oportunidades da internacionalização do Corredor do Lobito.

Daí assegurar que a promoção do Fórum Internacional para Investimento na Região Centro-Sul visa juntar sinergias e diferentes visões alinhadas com a estratégia do Governo de fomentar o desenvolvimento do empresariado nacional, sobretudo na Região Centro-Sul.

Na visão do entrevistado, a apresentação das oportunidades de negócios rentáveis da Região Centro-Sul do país permitirá captar investimentos nacionais e estrangeiros para alavancar o Corredor do Lobito e gerar o bem-estar da população.

“A partilha de informações vai proporcionar ferramentas para facilitar os investimentos em áreas já identificadas”, salienta, acrescentando que os “homens de negócios” devem olhar para este corredor como uma mais-valia para catapultar o Centro-Sul e o país, em geral.

Fraca adesão

Questionado acerca da fraca adesão dos convidados logo no primeiro dia do Fórum Internacional, Lucas Abias apontou a sobreposição “à última hora” da agenda de membros do Governo, parceiros e empresários, em razão do workshop para a elaboração do Plano Director do Corredor do Lobito, nesta quinta-feira, na cidade do Lobito.  

É que, segundo o responsável, o encontro previa reunir membros do Governo e empresários de todas as províncias da Região Centro-Sul, mas apenas representantes de Benguela, do Huambo, Huíla, Cuanza-Sul e Moxico estão presentes neste evento.

Mas Lucas Abias mostra-se confiante de que o número de participantes registado no primeiro dia de trabalhos venha a aumentar consideravelmente até ao final do fórum de investimento regional, uma vez que as restantes províncias mantêm confirmada a sua presença.

Corredor do Lobito

Com gestão privatizada, por um período de 30 anos, do consórcio “Lobito Atlantic Railway” (LAR), formado pelas empresas Vecturis, Trafigura e Mota Engil, o Corredor do Lobito abrange o Porto do Lobito, o Terminal Mineraleiro e o Caminho de Ferro de Benguela, cuja linha é de 1.344 quilómetros até à fronteira leste de Angola (Luau).

Assim, atravessa a África Austral e afirma-se como um dos principais eixos de circulação de matérias-primas, produtos e mercadorias, não apenas dentro dos próprios países, mas sobretudo devido à conexão que estabelece com o mercado mundial.

Enquanto o Porto do Lobito assegura uma elevada percentagem do volume do comércio internacional na sub-região, o Caminho-de-Ferro interliga as províncias de Benguela, Huambo, Bié e o Moxico, na localidade do Luau, onde se conecta com a rede ferroviária da República Democrática do Congo (RDC) e da Zâmbia.

De entre os tráfegos vocacionados do CFB, como o transporte de contentores, combustíveis, materiais de construção, entre outros, destaca-se como potencialidade mais expressiva o de minérios provenientes da República Democrática do Congo, na região de Katanga, e da Zâmbia, em Copperbelt. JH/CRB





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