Luanda – A superação das anomalias do navio oceanográfico angolano de investigação científica Baía Farta, que se encontra na África do Sul, está na fase final, prevendo-se o regresso desta embarcação ao país em Abril próximo, anunciou esta terça-feira, em Luanda, a ministra das Pescas e Recursos Marinhos, Carmen dos Santos.
Em declarações à imprensa, à margem da reunião do projecto ‘SADC Atlântico’, a governante assegurou que, praticamente, a inconformidade do navio já foi superada e dentro de um mês o aparelho estará de regresso a Angola.
“A anomalia do Baía Farta tinha, essencialmente, a ver com o problema da sonda necessária para fazer as medições ambientais, mas felizmente esta inconformidade já foi sanada e brevemente teremos o navio de volta ao país”, clarificou.
Entre várias vantagens da embarcação, destaca-se a sistematização da informação e melhoria substancial da gestão dos recursos marinhos, bem como o reforço das más práticas dentro do ordenamento pesqueiro angolano, com vista a garantir uma pesca sustentável.
Adicionalmente, o Baía Farta é um navio de investigação pesqueira e oceanográfica, com capacidade para realizar a monitorização dos recursos pesqueiros, investigação de ecossistemas e levantamentos hidrográficos e geológicos.
O navio de investigação, que chegou em Angola em 2018, abarca distintas valências, nomeadamente sofisticação, científica e tecnologia, dispositivos de pesquisa de ocorrência de micro plásticos e instalação de um sistema organizado de lota (infra-estruturas implantadas em terra, na área de um porto de pesca ou em zona ribeirinha para comercialização do pescado).
Actualmente, o navio científico mantém-se atracado em Cape Town, na África do Sul, onde a empresa responsável (Damen) pela reparação tem o seu estaleiro.
Trajectória do Baía Farta
Após a sua chegada ao país, em 2018, a embarcação foi submetida à primeira fase de testes/provas do mar, decorrida de 1 a 8 de Abril de 2021, nas águas oceânicas nacionais e internacionais, para aferir a superação das inconformidades e avarias detectadas ao longo do percurso Roménia (país de origem)/Angola, um ensaio que foi bem sucedida.
Na sequência, o Baía Farta efectuou o seu segundo cruzeiro científico em Angola, em Julho de 2021, uma operação que foi suspensa, por tempo indeterminado, para afinação/calibragem de equipamentos periféricos do navio.
Essa anomalia surgiu após o primeiro cruzeiro de arrasto demersal (pesca de espécies no fundo do mar, como os esparídeos, corvinas, roncadores, garoupas e outras tipologias de cardume de interesse comercial, realizado de 25 de Maio a 3 Junho de 2021, na Região Norte do país.
No entanto, desde 2021 até à presente data, o aparelho continua parado para reparação das referidas inconformidades.
Com um comprimento de 74,1 metros, o navio angolano, tem capacidade para embarcar 51 pessoas (29 tripulantes e 22 cientistas) e uma autonomia de 29 dias em mar.
O navio, orçado em cerca 80 milhões de dólares norte-americanos, dispõe de uma sala acústica, quatro laboratórios, um ginásio, camarotes duplos, cozinha, área de serviço com 15 monitores de comando e três computadores para o comando do Sonar (aparelho electrónico utilizado, geralmente, na navegação naval, para medir a distância entre a superfície da água e o fundo marinho). ML/QCB