Luanda – O navio oceanográfico angolano “Baía Farta” inicia, esta terça-feira, trabalhos científicos na zona marítima Centro e Sul de Angola, três anos depois da sua paralisação.
Uma nota do Ministério das Pescas e Recursos Marinhos informa que a paralisação se deveu à correcção das inconformidades nos sistemas de guinchos desta embarcação realizadas em docas da África do Sul.
"Foram realizados todos os testes de mar na África do Sul, país onde foi reparado o navio, e em Angola, assegurando que os equipamentos intervencionados estão operacionais sob garantia da empresa construtora da embarcação DAMEN Shipyar", o departamento ministerial.
Carifica que a referida campanha científica será subdividida em duas partes. a primeira na zona Centro de Angola (Luanda até Benguela) e a segunda no Sul (Benguela até o Rio Cunene), num período de 26 dias, a contar a partir de 1 de Outubro deste ano.
De acordo com o ministério, o objectivo é estimar a abundância das espécies que têm como habitat o fundo marinho, nomeadamente os cachuchos, as corvinas, garoupas, os roncadores, a pescada e o camarão de profundidade.
Avança que, durante a pesquisa, será colocada à prova a resistência dos equipamentos e os sistemas intervencionados, que ainda estão no período de garantia.
Para essa operação, adianta, estarão a bordo dez investigadores do Instituto Nacional de Pescas e Investigação Marinha, sete tripulantes angolanos e dez expatriados, liderados especialista Maria Sebastião, que irá avaliar os recursos demersais e, simultaneamente, recolher amostras de água para determinar os eventos oceanográficos ao longo da costa angolana.
Acrescenta que o Baía Farta fará escalas em Benguela e Namibe, para garantir a presença institucional ao longo de toda costa marítima.
O Ministério das Pescas e Recursos Marinhos considera extrema importância Angola ter disponível o seu próprio navio de investigação, para sistematização da informação e melhoria substancial da gestão dos recursos marinhos, bem como corrigir as más práticas dentro do ordenamento pesqueiro angolano, com vista a garantir uma pesca sustentável.
O Baía Farta, que chegou em Angola em 2018, abarca sofisticação científica e tecnologia, dispositivos de pesquisa de ocorrências de micro plásticos e instalação de um sistema organizado de lota (infra-estrutura implantada em terra, na área de um porto de pesca ou em zona ribeirinha para comercialização do pescado).
A embarcação tem capacidade para a monitorização de recursos pesqueiros, investigação de ecossistemas e levantamentos hidrográficos e geológicos.
Baía Farta inoperante desde 2021
Após a sua chegada ao país, a embarcação foi submetida à primeira fase de testes/provas do mar, decorrida de 1 a 8 de Abril de 2021, nas águas oceânicas nacionais e internacionais, para aferir a superação das inconformidades e avarias detectadas ao longo do percurso Roménia (país de origem)/Angola, um ensaio que foi bem sucedido.
Na sequência, o Baía Farta efectuou o seu segundo cruzeiro científico em Angola, em Julho de 2021, uma operação que foi suspensa, por tempo indeterminado, para afinação/calibragem de equipamentos periféricos do navio.
Essa anomalia surgiu após o primeiro cruzeiro de arrasto demersal (pesca de espécies no fundo do mar, como os esparídeos, corvinas, roncadores, garoupas e outras tipologias de cardume de interesse comercial), realizado de 25 de Maio a 3 Junho de 2021, na Região Norte do país.
Com um comprimento de 74,1 metros, o navio angolano, tem capacidade para embarcar 51 pessoas (29 tripulantes e 22 cientistas) e uma autonomia de 29 dias em mar.
O Baía Farta, orçado em cerca 80 milhões de dólares, dispõe de uma sala acústica, quatro laboratórios, um ginásio, camarotes duplos, cozinha, área de serviço com 15 monitores de comando e três computadores para o comando do Sonar (aparelho electrónico utilizado, geralmente, na navegação naval, para medir a distância entre a superfície da água e o fundo marinho). QCB