Luanda - O ministro dos Transportes, Ricardo D' Abreu, reconheceu hoje, em Luanda, haver no continente alguns focos de instabilidade, para o desenvolvimento transversal, sobretudo no ponto de vista do comércio inter-africano, apontando como principal desafio a implementação dos compromissos que se assumem.
O ministro, que falava como orador no painel "Os desafios e oportunidades da interação do continente africano e as perspectivas de crescimento económico ", lembrou que a agenda da União Africana 20/63, está bem delineada e estabelece princípios e metas a atingir, o que com muita dificuldade é implementado, com eficácia e efectividade.
A título de exemplo, apontou o Mercado Único do Transporte Inter-Africano, como um acordo que tem graves dificuldades na sua implementação.
Segundo o ministro, trata-se de um negócio que pode crescer, ao nível de outras regiões do globo, dos actuais 15% para patamares mais altos.
"Obviamente que se precisa tirar essas barreiras e assumir o compromisso, bem como melhorar a confiança entre instituições da região para garantir que todos juntos conseguimos fazer e não escolher outras soluções ", disse.
Recordou aos presentes que 70 por cento do transportes aéreos africanos é dominado por companhias não africanas.
Para si, a matéria de transporte e logística é uma das variáveis para África superar a limitação do comércio regional, pelo que Angola é um parceiro importante e está a investir para assegurar a alimentação de grandes sectores, com os corredores do Lobito, de Moçâmedes e com o Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto, recentemente inaugurado.
Ricardo D'Abreu exortou que os corredores sirvam o continente e que não se espere por uma agenda global.
Acrescentou que se deve deixar de ser economias de produtos primários, para grandes valores de exportação, com o fim de rapidamente se observar crescimento e os valores dos corredores fiquem na região, enquanto países independentes e soberanos.
Ayanda Dlodlo, directora Executiva do Grupo Banco Mundial para Angola, Nigéria e África do Sul, apelou para investimentos no ramo de gestão de projectos e contratos.
Afirmou ainda que a melhoria no acesso a energia também vai desenvolver os países e ajudar a sair do sector informal para o formal.
África regista actualmente cerca de 70 a 80 por cento do comércio no sector informal.
Outro desafio apresentado por Ayanda Dlodlo são os financiamento que precisam ser facilitados, dentro do próprio continente africano.
Jorge Lombe, vice-presidente dos serviços corporativos do Banco Africano de Exportação e Importação (Afreximbank), fez saber que o banco por si representado identifica técnicas para captar o comércio transfronteiriço, com o objectivo de melhorar o comércio inter-regional para um maior desenvolvimento.
Na sua opinião, é preciso retirar a concentração em produtos primários e diversificar o mercado.
O continente asiático, apontou, já está interessado a receber os produtos africanos, falta agora dinamizar as regiões em África.
Outro facto que destacou, é que os Bancos europeus, em termos de projectos, assumem mais os riscos em relação aos próprios bancos africanos.
Considerou que a união entre bancos africanos é crucial para sustentar o intercâmbio.
"Quando se abre uma zona livre de comércio é preciso um mecanismo para a transação, que requer fundos", asseverou o camaronês.
Armando Manuel, membro do Conselho Económico, focou sua abordagem na necessidade dos países do continente berço da humanidade terem mais infraestruturas e fortes instituições, caso contrário não estarão aptos para o desenvolvimento.
Disse que o continente tem 40 por cento da população jovem e sem emprego, logo o sucesso da integração passa por infraestruturas de qualidade.
Por outro lado, Armando Manuel defende que se saia da agricultura familiar para a produção da agricultura de comércio.
A III edição da Bienal de Luanda, decorre em Luanda durante três dias.
O evento, realizado de dois em dois anos, visa debater a cultura de paz e não violência em África.
Numa organização da República de Angola, Organização das Nações Unidas para Educação, Cultura e Ciência, (Unesco) e a União Africana, o certame reúne chefes de Estado, governantes e juventude de vários paises africanos.ML/AC