Ministro critica desvalorização da produção agrícola do Cunene

     Economia           
  • Cunene     Quinta, 18 Março De 2021    12h44  
Ministro da Economia e Planeamento, Sérgio Santos, visita fazenda de produção de milho na província do Cunene
Ministro da Economia e Planeamento, Sérgio Santos, visita fazenda de produção de milho na província do Cunene
Fabiana Hitalukua

Ondjiva - O ministro da Economia e Planeamento, Sérgio dos Santos, lamentou o facto da produção agrícola da província do Cunene não ser valorizada, por altura da aquisição de bens para acudir às vítimas da seca e outras emergências no país.

O ministro constatou o armazenamento de grandes quantidades de milho nas áreas de produção agrícola nas regiões de Chivemba e Calonga a espera de escoamento, tendo questionado o facto de a comida para as vítimas de fome ser adquirida noutras regiões, com elevados custos de transportação.

Na fazenda Lumbamba, por exemplo, estão armazenadas três mil toneladas de milho. A mesma possui ainda uma moagem com capacidade de produção de 25 toneladas/dia, comercializada nas províncias da Huíla, Namibe, Cuando Cubango e Benguela.

“Estamos preocupados com o facto destes produtores não serem considerados, uma vez que existem grandes quantidades de bens em stock. É preciso que se comprem estes produtos, de modo que os fazendeiros tenham acesso ao mercado de venda”, enfatizou o ministro.

Centro de Distribuição Agrícola

Por outro lado, o ministro falou da necessidade de criação de um Centro Logístico e de Distribuição Agrícola no Cunene, para o armazenamento da produção e permitir a capacidade de stock alimentos.

Disse tratar-se de um empreendimento  de capital importância, porque permitirá a conservação e escoamento dos produtos agrícolas, facilitando deste modo a sua venda a preços justos,  segundo a qualidade e exigência do mercado.

Para a sua implementação, sugeriu que se criasse uma parceria publico-privada.

“O corredor da Calunga tem grandes potencialidades agrícolas e pensamos ajudar os produtores com aprovação de projectos, para atribuição de créditos visando  o fomento da produção”, afirmou.

Disse ter constatado, para além do milho armazenado, o cultivo em grande escala  de feijão e massango, para serem colhidos  nos meses de  Abril e Julho.

Entretanto, acrescentou também a necessidade da aquisição de silos para armazenamento do produto que actualmente é acondicionado no chão, assim como de um centro de refrigeração de hortícolas.

Financiamento

Relativamente ao financiamento, disse que do périplo realizado foi possível constatar que alguns produtores beneficiaram de créditos em outras etapas como “Angola Investe”, mas muitos reclamam devido a burocracia no acesso aos créditos.

 Nesta senda, justificou que o sector vai trabalhar no acompanhamento e aprovação dos vários projectos, cujos processos estão a decorrer nos bancos, no sentido de concretizar esses financiamentos.

“Devemos apoiar mais estes produtores, de modo que possam dar resposta positiva para reverter a gritante procura de alimentos, face à fome provocada pela seca nesta região”, reconheceu.

O ministro efectuou uma visita de trabalho de quatro dias ao Cunene, para avaliar  a capacidade de produção local, tendo realçado o espírito de resiliência demonstrado pelas populações, fase a situação actual da fome e seca.

Actualmente verifica-se o êxodo de famílias que se percorrem vários quilómetros com o seu gado, a procura de melhores condições de sobrevivência.

Localizado a 195 quilómetros de Ondjiva,a comuna de Calonga, município de Cuvelai, é actualmente considerado pólo de desenvolvimento agrícola na província, com a produção de cereais e feijão  em grande escala.

Com uma população de nove mil e 619 habitantes, a região dispõe de terras férteis e água, onde cinco grandes produtores aproveitam o curso do rio Cunene para a agricultura de irrigação.





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