Luanda – O ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, considerou esta quinta-feira, em Luanda, essencial a conjugação de esforços entre os sectores público e o privado para uma maior expansão da energia eléctrica no país.
Para tal, o governante, que proferia a abertura da 7 ª Edição do Mercado Africano da Energia, explicou que é necessário uma regulamentação clara, razão pela qual trabalha-se com o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) e outros organismos.
Questionado sobre o facto de o BDA defender que se retire os subsídios de energia, disse ser uma discussão que tem de ter lugar, quando for oportuno iniciar o processo de remoção dos subsídios.
“Temos hoje uma tarifa baixa, menos de um cêntimo de dólares e a média na região são 10 cêntimos. É claro que, numa perspectiva de atrair capital privado para a actividade de energia, a tarifa a ser praticada não pode integrar subsídios, mas deve ser um preço que reflicta custos e num processo gradual de ajustes de tarifas”, esclareceu.
Sublinhou que o desenvolvimento do sector eléctrico em Angola tem de ser encarado, com a maior participação de capital privado, em particular com a construção de activos de produção e exploração.
Assim sendo, fez saber que o Governo está a ponderar abrir o segmento do transporte de energia a participação privada, numa perspectiva de captar capital privado para atender as áreas de particular interesse económico e ligações transfronteiriças.
O governante indicou que a criação de ligação transfronteiriças, quer com a Zâmbia, quer com a RDC, “podem permitir escoar parte da energia que temos para essas regiões, garantindo a Angola recursos cambiais”.
Angola atingiu, nos últimos anos, um crescimento exponencial da sua capacidade instalada de produção de energia eléctrica, tendo passado de 2.356,36 megawatts em 2015, para cerca de 6.319,43 megawatts, graças à realização de importantes investimentos.
Destaca-se, por exemplo, a recente conclusão do Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca, que produz cerca de 2.070 megawatts, e a ampliação do Aproveitamento de Cambambe
A par dos investimentos no domínio da energia hidroeléctrica, Angola iniciou o processo de reestruturação da sua matriz energética, tendo concluído, recentemente, as Centrais Fotovoltaicas do Biopio, com cerca de 188 MWdc e de Baia Farta, com cerca de 96 MWdc, que contribuem com cerca de 3.8%, no âmbito do Sistema Eléctrico Público.
O ministro fez saber que 17. 2 mil milhões de dólares é o valor necessário para Angola atingir a taxa de electrificação de 50 por cento até 2027, contrariamente aos 43 actuais.
Explicou que a soma de mais 7 % para o alcance dos 50 %, significa a criação de um milhão e 700 mil ligações domiciliares.
“ A meta é do Plano de Desenvolvimento Nacional(PDN) 2023-2027, alinhado com a Agenda de Longo Prazo 2050, que prevê ainda atingir uma capacidade instalada de 8.000 megawatts até 2027”, asseverou.
Informou que Banco de Desenvolvimento Africano (BAD) está já a financiar a construção da linha entre o Huambo e o Lubango (Huíla), que vai permitir levar energia da região centro para a sul, bem como está também a financiar a montagem de cerca de um milhão e 300 mil contadores pré-pago, para ajudar a Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) a reduzir perdas comerciais e aumentar receitas.
O vice-presidente de Energia, Alterações Climáticas e Crescimento Verde do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Kevin Kariuki, disse que em Angola a instituição bancária está envolvida em projectos energéticos orçados em 1 bilhão de dólares.
Revelou ter em vista o desenvolvimento da linha de transmissão Angola -Namíbia para exportar energia.
Por outra, o responsável mostrou interesse em trabalhar em Cabinda, na criação de energias renováveis.
A 7.ª Edição do Mercado Africano de Energia, numa iniciativa do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), com a participação do Instituto Tony Blair para Mudança Global, tem como tema central “Acelerar as Reformas do Sector Energético e Aumentar os Investimentos no Sector Energético".
O evento reúne os principais actores públicos, privados e parceiros de desenvolvimento. ML/AC