Luanda - A interligação e electrificação dos municípios das regiões Leste e Sul de Angola, com recurso às fontes hídrica e solar, constitui um dos principais desafios do Executivo até 2025, uma vez que os serviços prestados actualmente cobrem apenas 42,8% da população, estimada em mais de 33 milhões de habitantes.
Nessas regiões do país, designadamente nas províncias da Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico (Leste) e Cuando Cubango, Namibe, Cunene e Huíla (Sul), ainda se faz um elevado consumo de diesel para a produção de energia, o que torna os custos muito elevados.
Do total de 164 municípios que compõem Angola, entre 90 a 100 precisam de interligação e electrificação, um desafio que consta da agenda do Governo.
Assim, a prioridade do Ministério da Energia e Águas para os próximos anos consiste na interligação do Centro e Sul, via Huambo/Lubango e do Leste (Capanda/Malanje/Xamuteba/Saurimo), segundo o titular do sector, João Baptista Borges.
“A interligação das três províncias do Leste é o nosso foco para os próximos anos, para além da electrificação à volta das cidades”, disse o ministro da Energia e Águas, no programa “Grande Entrevista” da Televisão Pública de Angola (TPA).
Entre outros desafios, apontou o crescimento das cidades, que evoluem de forma muito dinâmica, com o surgimento de novos bairros e residências, que vão precisar também de energia eléctrica, lembrando que em termos de produção, o país tem excedente, mas ainda com um défice na distribuição.
De acordo com o governante, vários projectos estão em curso e outros por iniciar em algumas localidades do país, e deu como exemplo a quase conclusão da reabilitação e ampliação das barragens de Luachimo (Lunda Norte) e da Matala (Huíla), aumentando as respectivas potências de 18 para 40 megawatts e 8 para 34 MW.
Afirmou que esses megawatts vão se juntar ao potencial hidroeléctrico explorado na ordem dos 3.648,82 MW, do total de 18 mil mw do potencial das principais bacias hidroeléctricas do país, designadamente Kwanza, Longa, Catumbela e Cunene.
Além do potencial hidroeléctrico, o país também conta com centrais térmicas e centros de painéis solares.
Atingir metade da população
A estratégia do sector, disse o ministro, passa por acções que permitam, até 2025, fazer com que metade da população tenha acesso à electricidade, pelo que o sector terá de fazer perto de 370 mil ligações por ano, para se atingir a meta preconizada.
Actualmente, as estimativas apontam para 42,8%, e, para chegar aos 50% até 2025, o sector terá de executar, cerca de 1,7 milhões ligações domiciliares em todo o país, segundo João Baptista Borges, que revelou a existência de projectos planeados no domínio da distribuição de energia, com recursos às linhas recentes e da energia solar.
Sobre a energia solar, lembrou que Angola tem projectos que vão cobrir cerca de 160 localidades na parte Leste e Sul do país, prevendo-se abranger o acesso à electricidade a seis milhões de pessoas.
“O que queremos agora é privilegiar a electrificação das regiões que tem menor taxa de electrificação, ou seja, de acesso à electricidade, cuja lista é composta pelas regiões do Leste, cobrindo as três províncias e as do Sul”, garantiu.
Optimista e sem revelar os investimentos a serem feitos, referiu apenas que o Executivo vai recorrer ao mercado financeiro externo, anunciando que para o projecto do Leste está mobilizada uma linha que vai permitir cobrir as três províncias já mencionadas, assim como as do Bié e de Malanje.
A electrificação da região Sul aguarda por uma linha de crédito a ser aprovada em Junho deste ano.
Em Angola, a matriz energética conta com o potencial da energia hídrica, de centrais térmicas e de painéis solares, que funcionam em sincronia entre cinco regiões do país.NE/AC