Venda de medicamentos nos Kwanzas chega ao fim

     Economia           
  • Luanda     Quinta, 02 Junho De 2022    17h26  
Um pormenor da área do Mercado dos Kwanzas, onde se vendia medicamentos
Um pormenor da área do Mercado dos Kwanzas, onde se vendia medicamentos
Clemente dos Santos

Luanda  - Treze anos depois da proibição da venda de medicamentos no Mercado dos Kwanzas, pelo Governo da Província de Luanda, só nos últimos dias se conseguiu a completa desactivação de focos de pessoas que insistiam na prática, constatou hoje a ANGOP.

Situado no Distrito Urbano do Hoji-Ya-Henda, município de Cazenga, o Mercado dos Kwanzas era um dos principais locais de fornecimento de fármacos do país, não obstante as dúvidas que se levantavam sobre a qualidade e origem dos medicamentos.

A propósito da nova realidade, a administradora adjunta do mercado, Umbilina Querinda, disse à ANGOP que muitos dos que insistiam nessa prática mudaram de negócio e a área que antes reservada para esse fim, agora é ocupada por vendedores de fardos e outros acessórios.

Reconheceu ter sido uma grande luta acabar com a prática, porque o Mercado dos Kwanzas - a céu aberto, era uma grande base de abastecimento de medicamentos de forma ilegal, um cenário que mudou totalmente, tal como confirmou a gestora adjunta do Mercado dos Kwanzas.

Sobre a nova realidade, Anabela Sebastião, vendedora do mercado há mais de 30 anos, contou que foi obrigada a mudar de negócio, devido à proibição de venda de medicamentos pelo Governo, em 2009, mas só depois de alguns anos começou a cumprir a orientação.

“As punições constantes da Inspecção das Actividades Económicas e da própria administração do Mercado dos Kwanzas forçaram-me a desistir da venda de medicamentos”, confessou a vendedora.

Contou que o negócio, na altura, era super rentável, porque recebiam contentores de medicamentos provenientes da China, India e da República Democrática do Congo (RDC).   

Guilherme Morais, jovem que agora  faz outro tipo de negócio, explicou que foi obrigado a reinventar-se, porque tinha de procurar uma outra forma de subsistência para manter a família.

Por seu turno, João Afonso, vendedor de cosméticos, disse que antigos colegas abriram farmácias em diferentes pontos do país e legalizaram a actividade para não estarem à margem da lei.

A proibição legal de venda de medicamentos no Mercado dos Kwanzas, imposta aos vendedores sem licença e em condições inadequadas, deu lugar ao surgimento de farmácias.  

Os depósitos de medicamentos, espalhados, um pouco por Luanda, constituem, actualmente, os principais fornecedores das farmácias, a par dos comerciantes que importam directamente para seus estabelecimentos.

Em Luanda, a Avenida Pedro de Castro Vandúnem “Loy”, no perímetro entre a igreja Kimbanguista e a loja Shoprite, é uma das zonas da província com mais depósitos de medicamentos.

 





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