Luanda - Treze anos depois da proibição da venda de medicamentos no Mercado dos Kwanzas, pelo Governo da Província de Luanda, só nos últimos dias se conseguiu a completa desactivação de focos de pessoas que insistiam na prática, constatou hoje a ANGOP.
Situado no Distrito Urbano do Hoji-Ya-Henda, município de Cazenga, o Mercado dos Kwanzas era um dos principais locais de fornecimento de fármacos do país, não obstante as dúvidas que se levantavam sobre a qualidade e origem dos medicamentos.
A propósito da nova realidade, a administradora adjunta do mercado, Umbilina Querinda, disse à ANGOP que muitos dos que insistiam nessa prática mudaram de negócio e a área que antes reservada para esse fim, agora é ocupada por vendedores de fardos e outros acessórios.
Reconheceu ter sido uma grande luta acabar com a prática, porque o Mercado dos Kwanzas - a céu aberto, era uma grande base de abastecimento de medicamentos de forma ilegal, um cenário que mudou totalmente, tal como confirmou a gestora adjunta do Mercado dos Kwanzas.
Sobre a nova realidade, Anabela Sebastião, vendedora do mercado há mais de 30 anos, contou que foi obrigada a mudar de negócio, devido à proibição de venda de medicamentos pelo Governo, em 2009, mas só depois de alguns anos começou a cumprir a orientação.
“As punições constantes da Inspecção das Actividades Económicas e da própria administração do Mercado dos Kwanzas forçaram-me a desistir da venda de medicamentos”, confessou a vendedora.
Contou que o negócio, na altura, era super rentável, porque recebiam contentores de medicamentos provenientes da China, India e da República Democrática do Congo (RDC).
Guilherme Morais, jovem que agora faz outro tipo de negócio, explicou que foi obrigado a reinventar-se, porque tinha de procurar uma outra forma de subsistência para manter a família.
Por seu turno, João Afonso, vendedor de cosméticos, disse que antigos colegas abriram farmácias em diferentes pontos do país e legalizaram a actividade para não estarem à margem da lei.
A proibição legal de venda de medicamentos no Mercado dos Kwanzas, imposta aos vendedores sem licença e em condições inadequadas, deu lugar ao surgimento de farmácias.
Os depósitos de medicamentos, espalhados, um pouco por Luanda, constituem, actualmente, os principais fornecedores das farmácias, a par dos comerciantes que importam directamente para seus estabelecimentos.
Em Luanda, a Avenida Pedro de Castro Vandúnem “Loy”, no perímetro entre a igreja Kimbanguista e a loja Shoprite, é uma das zonas da província com mais depósitos de medicamentos.