Mbanza Kongo – Os habitantes das províncias do Zaire e Uíge, Norte de Angola, aplaudiram o anúncio da ligação por terra entre as duas regiões fronteiriças, através da Estrada Nacional 120 (EN-120).
O anúncio foi feito no último fim-de-semana, em Mbanza Kongo, pelo ministro das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação, Carlos Alberto dos Santos, que durante três dias trabalhou na província do Zaire.
De acordo com o governante, a decisão da ligação por terra entre as duas províncias (Zaire e Uíge) saiu da Reunião de Governação Local, que decorreu há dias na cidade do Uíge, sob a orientação do Presidente da República, João Lourenço.
As duas regiões estão incomunicáveis por terra há décadas, devido a inexistência de uma ponte sobre o rio Mbrige, na Estrada Nacional 120 (EN-120), que liga Mbanza Kongo (Zaire) à localidade de Lukunga, município do Bembe, província do Uíge.
Abordados pela ANGOP, alguns habitantes das duas províncias fronteiriças afirmaram que a ligação por estrada para além de encurtar a distância, vai alavancar o desenvolvimento social e económico das regiões.
Acrescentaram que, actualmente, para se deslocarem de Mbanza Kongo ao Uíge e vice-versa são obrigados a escalar a cidade de Caxito (Bengo), percorrendo mais de 800 quilómetros de estrada, uma distância que seria encurtada para 200 km se a estrada Mbanza Kongo/Madimba/Bembe estivesse transitável.
Com 75 quilómetros, a via de Mbanza Kongo até ao rio Mbridje, passando pela sede comunal de Madimba, encontra-se em mau estado de conservação, situação agravada por inexistência de uma ponte sobre o rio Mbridje que serviria de ligação com a vizinha província do Uíge.
Para Nsita Bernardo, de 45 anos, habitante da província do Uíge, a ligação por estrada entre as duas regiões tornaria mais dinâmicas as trocas comerciais.
“Muitos produtos do campo apodrecem quase todos os anos, por falta de mercados para a sua comercialização”, referiu.
Por sua vez, Maria Mambu, habitante da província do Zaire, muitos cidadãos percorrem quilómetros à pé por falta de meios de transporte neste itinerário.
Residente na aldeia de Divangamene, a Sul da comuna da Serra de Kanda, a interlocutora disse que a situação tem criado muitos constrangimentos, sobretudo no acesso aos serviços básicos e de justiça.
“As nossas aldeias estão sem postos de saúde e medicamentos. Os filhos só estudam até a 9ª classe, por falta de mais escolas. Os que têm possibilidades enviam os seus educandos para as sedes municipais do Cuimba, Mbanza Kongo e Uíge”, descreveu.
Para Maria Sofia, também habitante da aldeia de Divangamene, para se conseguir os produtos da cesta básica são forçados a percorrem muitos quilómetros a pé.
Na parte sul da comuna da Serra de Kanda (Cuimba), fronteiriça com o município do Bembe (Uíge), cerca de 20 aldeias vivem isoladas do resto da província do Zaire.
Ligação Zaire/Uíge nas prioridades do Executivo
O ministro das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação, Carlos Aberto dos Santos, disse que a reabilitação da estrada Zaire/Uíge, constitui uma das prioridades do Executivo para os próximos dias.
Informou que está se trabalhar na mobilização de recursos financeiros e técnicos para a reabilitação do troço rodoviário Mbanza Kongo/Bembe, assim como a construção da ponte sobre o rio Mbridje.
“Saímos aqui com um compromisso claro. Vamos procurar as melhores soluções técnicas e financeiras, para que tão logo que tenhamos esta possibilidade voltamos ao local para cumprirmos com o que ficou decidido na Reunião de Governação Local, realizada na cidade do Uíge”, ressaltou.
Referiu que para além da ponte, será feito nesta via um trabalho de terraplanagem com todos os serviços técnicos e uma manutenção periódica.
A província do Zaire tem uma malha rodoviárias de 1.712 quilómetros, dos quais 510 asfaltados. DA/JL
