Luanda - O Kwanza depreciou 3,1% na última sexta-feira (12), devido à quebra nos montantes de divisas disponibilizados ao mercado, rompendo um período de estabilidade aparente, soube hoje a ANGOP.
Segundo uma publicação do banco BFA, a moeda angolana estava sob pressão já há algum tempo, e a situação é visível em algumas movimentações no mercado paralelo, com o “spread” (diferença compra e venda) a alargar-se na troca de dólares, mas também de euros.
A publicação realça que a entrada de divisas no país tem sido menor, sobretudo devido à diminuição nas receitas de exportação, e destaca como referência o primeiro trimestre de 2023, em que as exportações de bens terão somado 8,3 mil milhões de dólares, uma quebra de 11,1% face aos USD 9,4 mil milhões no quarto trimestre de 2022.
Quanto às importações de bens, refere o banco, a quebra no mesmo período terá sido de 10,7%, para USD 4,1mil milhões, o que não apontaria para o actual desequilíbrio.
A pesar disto, a publicação do BFA menciona a queda na venda de divisas à economia privada, num montante maior pela diminuição de provisão de divisas por parte do Tesouro, que geralmente providencia mais de 25% da moeda estrangeira ao mercado.
As entradas de divisas em Abril e Maio deste ano têm estado a cair com maior intensidade devido ao movimento de quebra do preço do petróleo, sendo este um outro factor de desequilíbrio no mercado.
De acordo com o documento, existe ainda a expectativa de que o Kwanza venha a estabilizar a um nível mais perto dos USD/AOA 540/550, no fim do ano.
Indica, igualmente, que o facto não descarta alguma volatilidade durante o ajuste do mercado pelo facto de que poucos vendedores concentram a maior parte da provisão de divisas e pela ausência de instrumentos como “forwards” ou investidores especulativos, que permitiriam ancorar as expectativas futuras para o valor do Kwanza, a curto e médio prazo.
A inflação homóloga em Abril fixou-se em 10,6%, uma quebra de apenas 0,2 pontos percentuais (pp) face a Março, sinalizando o décimo quinto mês consecutivo de declínio, mantendo-se, deste modo, em 0,9% durante meses consecutivos. CPM/PPA