Luanda – O Instituto Nacional de Apoio as Micro, Pequenas e Médias Empresas (INAPEM) aponta a microfinança e o microcrédito como duas das alternativas que servem para diversificar os instrumentos financeiros no mercado de crédito bancário tradicional, com vista ao reforço do apoio às empresas.
Segundo o administrador executivo do INAPEM, Bráulio Augusto, essas alternativas, com uso de métodos de leasing (locação), factoring, crowd funding (financiamento colectivo), business angels (anjos de negócios) e seguros específicos, tornam menos burocrático o acesso ao crédito bancário.
Ao intervir no 13º Fórum de Economia e Finanças, o responsável afirmou que os bancos comerciais têm demonstrado dificuldades em compreender a especificidade das micro, pequenas e médias empresas, com uma avaliação de risco muitas vezes desproporcional a estas empresas.
Bráulio Augusto referiu que a falta de alinhamento resulta na exclusão financeira de muitas iniciativas com elevado potencial de impacto.
Adiantou que, perante cerca de 80% das micro, pequenas e médias empresas que actuam na informalidade em Angola, a inclusão financeira e inovação tecnológica podem desempenhar um papel crucial, desenvolvendo soluções digitais que simplifiquem o acesso ao crédito e reduzam custos transaccionais.
Apesar de ter reconhecido a importância que o Governo angolano dá às empresas no crescimento socioeconómico do país, com apoio do Fundo de Garantia de Crédito e a criação de instrumentos de financiamento, o administrador executivo disse que ainda persiste o desafio da cobertura insuficiente de riscos e a dificuldade em monitorar a eficiência dos projectos de longo prazo.
A par disso, defendeu também o aprimoramento do sistema de garantia, com a expansão da cobertura e do fomento do Mercado de Capitais, bem como incentivar parcerias públicas e privadas.
Por sua vez, o economista do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), fez saber que estudos indicam que a solicitação de microcréditos na informalidade, nos últimos 12 meses, em Angola, foi de 2,3%, facto que reforça a necessidade da promoção de mecanismos mais inovadores.
O 13º Fórum de Economia e Finanças, que abordou a situação das micro, pequenas e médias empresas, serviu para apresentar a fazenda “Pipe”, de Malanje, com 8 mil hectares, maioritariamente produtora de milho, soja e feijão.
Essa fazenda já beneficiou de três créditos do Banco de Desenvolvimento Agrário (BDA), nomeadamente em 2017, com 235 milhões de kwanzas, em 2019, 914 milhões e em 2020, com 750 milhões de kwanzas, valores que foram investidos em insumos e máquinas.
O evento é uma organização da Associação Angolana de Bancos (ABANC), com objectivos de analisar os desafios e oportunidades que Angola enfrenta no ecossistema de financiamento de pequenas e médias empresas.
Sob o lema "Financiamento das MPME em tempo de transformação global", o encontro contou com a participação de responsáveis bancários, empresários e técnicos. ML/QCB