Lubango – A província da Huíla produziu no primeiro semestre, um milhão, 892 mil, 295 ovos, contra os 523 mil 921 produzidos no igual período de 2023, produção que representa, somente, um por cento das necessidades do mercado local.
Os dados foram revelados hoje, quinta-feira, à ANGOP no Lubango, pelo chefe do departamento do Instituto dos Serviços de Veterinária da Huíla, José Chicomo, referindo trata-se de uma produção concentrada nos municípios do Lubango (dois aviários), Humpata (três), Matala, Chibia, Cuvango e Caluquembe, com um cada.
Segundo a fonte, o aumento deve-se à melhoria na genética das espécies que estão a produzir, pois geralmente a produção era feita com aves de duplo propósito, mas agora está-se a especializar, separando as de corte das poedeiras.
Declarou que as nove empresas registadas a produzirem, todas de iniciativa privada, têm uma capacidade instalada de 133 mil ovos/dia, mas estão no momento a produzir 63 mil, 108 ovos/dia.
Nas motivações dessa baixa produção, segundo o também médico veterinário, destaca-se os altos custos da ração, de aquisição de matrizes que têm de ser importadas, assim como a mão-de-obra e manutenção das infra-estruturas.
“As necessidades do mercado da produção de ovos para a Huíla está estimada em 35 milhões 830 mil 650 unidades/dia, em função do número populacional e quantidade de pessoas que têm de comer o alimento diariamente”, manifestou.
Destacou que a província tem outras cinco ou mais empresas para produzir ovos, mas não estão a conseguir fazê-lo pelo elevado preço da ração, dificuldades na aquisição de matrizes que têm de ser importadas da Namíbia ou de Portugal, entre outras que as obrigaram a paralisar as actividades produtivas há mais de um ano.
Produção de frango de corte é baixa
José Chicomo avançou, que apesar de terem apenas uma única empresa a produzir especificamente ovo e também galinhas só para frango, a província conta com uma produção da carne das outras com o processo de descarte, quando uma ave já não tem utilidade para produzir ovos.
Realçou que no primeiro semestre do ano em curso uma produção cifrou-se em 943 aves abatidas, o que representa pelo menos mil 225 quilogramas de carne, contra os mil 697 do igual período de 2023, num mercado que tem a necessidade de mais de três milhões de quilogramas.
Disse que a qualidade da carne ainda não é das melhores, pois a produção tinha de levar menos tempo, uma vez que o frango é uma carne que demora no máximo três meses, mas produz-se em 90 a 120 dias, além de que o mercado não tem ainda uma capacidade desejada de armazenamento.
O responsável afirmou que apesar de se tratar de dados controlados pelo serviço, existem muitas outras pessoas a produzirem e abaterem clandestinamente as aves, uma quantidade não controlada, ao que se junta a produção familiar de ovos e galinha.
Auto-suficiência depende de mais investimentos
Para alcançar a auto-suficiência dos dois produtos, José Chicomo apontou a necessidade de mais investimento na avicultura, em infra-estruturas, recursos humanos, na genética e no aumento dos índices de produção.
Manifestou ainda a urgência de melhorar a produção interna de milho, tanto para o consumo familiar como para existir excedentes para a produção de ração, assim como produzir vacinas em quantidades suficientes e os fármacos necessários para tratamento e prevenção das doenças nas aves.
“Temos ainda de pensar em começar a produzir a matéria-prima, não podemos depender tudo de importação, a título de exemplo, o premix é um material que podemos fazer a produção localmente e o calcário é um dos elementos que é produzido na Humpata, bem como incrementar o número de empresas vocacionadas na produção de ovos e carne”, aludiu.
Apelou aos empresários que operam no segmento a não desistirem, a permanecerem resilientes para com os apoios certos conseguirem chegar às quantidades necessárias para abastecer o mercado, não a cem por cento, mas pelo menos a metade.
A província da Huíla tem uma população estimada em três milhões 383 mil 342 habitantes, repartido nos seus com 14 municípios. EM/MS