Huíla tem média de mais de 50 novas indústrias por ano

     Economia           
  • Huíla     Quarta, 06 Março De 2024    15h34  
Empregado em fábrica, na Huíla
Empregado em fábrica, na Huíla
Morais Silva - ANGOP

Lubango – A província da Huíla assiste, em média anual, à eclosão de 51 novas indústrias, cifra ainda “longe” das necessidades de transformação da produção local, fixada em mais de 700 mil toneladas/época, para uma população de mais de três milhões de habitantes.

O Gabinete Provincial para o Desenvolvimento Económico Integrado da Huíla controla 463 unidades industriais, 353 das mesmas estão funcionais, 36 paralisadas e 74 em fase de implementação, estando entre os sectores que mais empregam na província.

Mesmo com dificuldades conjunturais, o sector industrial tem registado crescimento, pois em 2018 foram emitidas 14 novas licenças, número aumentou para 22 em 2019, 57 no ano seguinte, mas caiu para 41 em 2021. Em 2022 subiu para 59 em 2022 e no ano a seguir 58.

Em declarações hoje, quarta-feira, à ANGOP, no Lubango, o chefe do departamento da Indústria do referido Gabinete, Mário Cláudio, afirmou que mais de 60 por cento da média de crescimento anual é relativo a pequenas unidades de transformação, cujo destaque recai para as panificadoras, moageiras, blocos de cimento, bem como lacticínios, de carne e derivados.

A fonte referiu ser um crescimento ainda incipiente e circunscrito na maior parte ao Lubango, pois existem municípios com carência de unidades industriais, em função do seu tipo de actividade, pelo que o ideal seria ter um crescimento equilibrado.

“Temos municípios com apenas uma panificadora, que sobrevivem de revendedores e pequenos transformadores rurais. Auguramos uma aposta acentuada às micro-indústrias, de modo a ter transformação, tendo em conta  o nível de produção, principalmente no interior da província”, disse.  

Segundo o responsável, o sector industrial da Huíla não está no seu melhor desde 2020, altura do aparecimento da Covid-19 na Huíla, que colocou algumas unidades paralisadas que têm o mercado externo, como principal fonte de aquisição de matéria-prima.

Relatou que a Huíla, em si, é uma placa giratória económica “forte”, não só em termos de produção, mas para absorver a produção externa, ainda por fazer fronteira com a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral e ter facilidades, por causa dos portos do Namibe e do Lobito.

Considerou estar a província preparada para receber qualquer tipo de investimentos, tendo em conta a “imensa” a área possível para investir, mas interessa um pólo industrial de rochas ornamentais, para diminuir a exportação bruta do produto.

Ressaltou que apesar do sector industrial ser “rico”, há necessidade de mais unidades agro-industriais, voltadas aos lacticínios, que para além de aproveitamento dos derivados do leite, pudessem lucrar com a carne processada, enchidos e outros, bem como a pele com uma unidade de curtumes.

Outro campo de investimento que pode ser lucrativo, conforme a fonte, é o da indústria de processamento de frutos para compotas, doces, sumos, conservação, entre outros segmentos de transformação para colmatar as épocas do ano com registo de frutas a estragarem em alguns municípios da província.

Gabinete busca parcerias para reactivar indústrias paralisadas

Sobre as 36 indústrias paralisadas, algumas há mais de 10 anos, Mário Cláudio relatou que uma ou outra reabre aos poucos, mas os proprietários queixam-se sempre pelo facto da unidade ser antiga, com equipamentos obsoletos, falta de matéria-prima e de financiamento.

A título de exemplo, citou as fábricas de metalúrgica (fundição), de bolachas, a de vela, inoperantes há anos pelas mesmas razões, tem ainda uma variedade de gráficas, de entre outras, que o Gabinete tem adoptado políticas parcerias de investidores nacionais e estrangeiros.

“Estamos a trabalhar com consulados, embaixadas e adidos, no sentido de encontrar parceiras voltadas neste segmento para auxiliar o sector”, manifestou.   

Em relação às 74 empresas por se instalar, salientou que algumas deram entrada na plataforma de licenciamento da actividade, algumas levantaram as estruturas e estão a montar os equipamentos, outras dependem de importação de material.

Sector emprega 500 a 600 pessoas/ano  

O sector industrial, de acordo com o responsável, emprega uma média de 500 trabalhadores/ano, sendo o que mais gera empregos directos e duradouros, equiparado ao sector mineiro.    

Nas indústrias com maior empregabilidade, Mário Cláudio apontou a área de bebidas, cervejas e refrigerantes, de processamento e engarrafamento de água, bem como uma de óleo essencial que trabalha com mais de mil famílias.   

Entre as dificuldades dos operadores do sector, destacou a oscilação da moeda, difícil acesso de divisas, carência de energia e água, bem como a falta de incentivos fiscais e de ingresso nas linhas de financiamento. EM/MS





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