Lobito – O Grupo Castel/Angola espera colher, a partir do segundo semestre de 2021, 18 mil toneladas de milho no seu projecto agrícola em curso na província de Malange, anunciou, segunda-feira, o seu director executivo, Philippe Federic.
Falando à ANGOP, o responsável referiu que o projecto, avaliado em Usd 40 milhões, está a ser desenvolvido num espaço de cinco mil hectares para produção de grits, um dos produtos utilizados na fabricação de cerveja.
“Mil e 800 hectares do projecto, iniciado a cerca de três anos, já foram desmatados e neste momento estamos a instalar o sistema de irrigação de 600 metros, uma bacia de retenção, uma estação de bombagem e 27 quilómetros de tubos para abastecer cinco pivôs”, avançou o director.
Fez questão de frisar que oito mil toneladas de grits servem para abastecer três cervejarias e consequentemente deixar de importar o material, fazendo uma poupança de 15 milhões de dólares.
Sobre a aquisição de matéria-prima internamente, o gestor revelou que o grupo sente-se satisfeito por contar já com produtores locais de milho, cevada e outros fornecedores como a Vidrul, para garrafas de vidro e a Tampac para as latas.
Questionado sobre o processo de produção durante a crise económica e pandemia da Covid-19, Philippe Federic afirmou, com alguma tristeza que, este ano, “o Grupo Castel teve uma queda brutal na ordem de 45 a 50 por cento em termos de produção e vendas”.
Em consequência disso, algumas unidades fabris tiveram de fechar temporariamente as suas portas e despedir cerca de 1400 trabalhadores para ajustar a produção e a realidade do mercado.
Na mesma senda, o grupo teve de fazer um esforço para baixar o preço da garrafa de cerveja de 300 Kwanzas para 150 (igual o preço de uma garrafa de água mineral), situação bem recebida pela população devido ao fraco poder de compra.
“Com essa estratégia foi possível a retomada progressiva da produção e das vendas e também o reenquadramento de cerca de 200 funcionários em várias unidades do grupo”, esclareceu.
Outro constrangimento teve a ver com o Imposto Especial de Consumo, aplicado às empresas de bebidas, que se situava em 25 por cento para a cerveja e 18 por cento para a gasosa, considerados muito elevados pela Associação da Indústria de Bebidas de Angola (AIBA), na qual o grupo faz parte.
“Recebemos com muita satisfação, a redução do IEC, aprovada pelo Conselho de Ministros, de 25 por cento para 11, em relação a cerveja e de 18 por cento para oito referente a gasosa”, sublinhou.
Philippe Federic afirmou ainda que a indústria cervejeira em Angola fez investimentos de biliões de dólares para ter os melhores equipamentos em termos de enchimento de produção de bebidas, estando em posição favorável em relação as importadas que, há dez anos atrás, dominavam o mercado nacional.
O Grupo Castel Angola produz as cervejas Cuca, Nocal, Eka, N’gola, tem linhas de enchimento de refrigerantes da Coca-Cola e a fábrica de garrafas de vidro Vidrul para a produção de vasilhame retornável.