Luanda - O ministro de Estado e da Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, esta sexta-feira, em Luanda, que o Governo pretende é consolidar e aprofundar o novo paradigma de crescimento de Angola, prevendo 3,3% em 2023.
Ao discursar na abertura do I Fórum Nacional da Indústria e Comércio sob lema “Os Desafios da Auto-suficiência Alimentar”, sublinhou ser um crescimento “puxado” pela economia não petrolífera, onde o sector privado é o principal actor.
Manuel Nunes Júnior realça o facto de os dados preliminares de 2022 indicarem um crescimento ao redor dos 3% e mais uma vez com um desempenho liderado pelo sector não petrolífero.
“Só com este paradigma conseguiremos resolver os grandes e difíceis problemas sociais do nosso país, com destaque para o desemprego, a fome e a miséria”, enfatizou.
Frisou que Angola tem dado nos últimos 5 passos importantes, no sentido de tornar o país um espaço cada vez mais atractivo para a captação de investimentos, estando a aprofundar as bases de um Estado Democrático de Direito, bem como consolidar a economia de mercado.
Destacou que, no que respeita a consolidação da economia de mercado, foi desenvolvido, com sucesso, um Programa de estabilização macroeconómica que permitiu alcançar resultados positivos no que respeita ao equilíbrio das contas fiscais, à redução das taxas de inflação, à normalização do mercado cambial e a estabilização do nível das reservas internacionais do país.
Manuel Nunes Júnior sublinha que as contas internas e externas de Angola são hoje superavitárias, quando antes de 2018 eram amplamente deficitárias.
De acordo com o ministro de Estado, estes são factores que ajudam a elevar a confiança no país por parte dos agentes económicos, quer nacionais como estrangeiros.
Realçou que em 2021 Angola retomou a trajectória de crescimento económico que havia sido interrompida em 2016. “Vivemos 5 anos difíceis de recessão económica, com todas as consequências sociais e económicas que este fenómeno traz consigo, sobretudo no que respeita ao aumento dos níveis de desemprego”, enfatizou.
Lembrou que em 2021 o crescimento global do Produto Interno Bruto foi de 0,7%, mesmo perante um crescimento negativo do sector petrolífero de 11,6%, sendo que este crescimento global foi conseguido graças a um crescimento forte do sector não petrolífero de 6,4%, com destaque para a agricultura e pecuária, pescas, indústria transformadora, indústria extractiva, (sobretudo dos diamantes), comércio, construção, transportes e outros serviços.
Aumento da produção
O ministro Manuel Nunes Júnior destacou que o Programa de Apoio à Produção Nacional, Diversificação das Exportações e de substituição de Importações (PRODESI) tem estado a ser implementado pelo Executivo desde 2018, tendo como base uma premissa “muito importante, que é o estabelecimento de uma verdadeira aliança entre o Estado e o sector privado no aumento da produção nacional, dos rendimentos dos cidadãos e do combate à pobreza”.
O Executivo, continuou, aprovou recentemente o Plano Nacional de Fomento da Produção de Grãos em Angola, o Planagrão - um programa que visa o aumento significativo da produção de trigo, de arroz, de soja e de milho em todo o país, com particular realce para as províncias do leste do país.
O mesmo prevê recursos avaliados em kwanzas a cerca de USD 5,7 mil milhões para os próximos 5 anos.
Explicou que uma parte destes recursos será para apoiar o crédito ao sector privado, através do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) e outra para a realização de investimentos públicos em infra-estruturas necessárias ao desenvolvimento desta actividade.
Considerou o Plano Nacional de Fomento da Produção Pecuária – Planapecuária, também recentemente aprovado pelo Executivo, que visa o aumento da produção nacional de carne bovina, suína, caprina e a produção de ovos e leite.
Trata-se de um Programa que envolve recursos avaliados ao equivalente em kwanzas a USD 300 milhões para os próximos 3 anos para apoio ao sector privado.
“Foi também aprovado o Plano Nacional de Fomento das Pescas, o Plapescas, um Programa que visa o aumento das capturas de peixe e da produção de sal. Este Programa inclui recursos financeiros avaliados ao equivalente em kwanzas a USD 300 milhões para os próximos 5 anos, para financiar essencialmente Projectos Privados”, frisou.
O Governo quer contar com o sector empresarial privado, agricultores, produtores industrias e membros da sociedade civil, para tirarem o máximo de rendimento do fórum, para que possam discutir de forma exaustiva todos os aspectos relevantes para que Angola se erga como uma verdadeira potência económica em Africa.
Na sua visão, o Executivo vai continuar a fazer a sua parte para que o motor do crescimento do país seja realmente o sector privado, sendo o que o papel do Estado de órgão regulador e coordenador de todo o processo de desenvolvimento do país.
O I Fórum Nacional da Indústria e Comércio, sob lema “Os Desafios da Auto-suficiência Alimentar” apresenta uma visão dos diversos intervenientes do sector, analisando os vários desafios e oportunidades que o país apresenta para o desenvolvimento da indústria alimentar e do comércio.