Luanda – O Executivo angolano vai investir 89 milhões de dólares para a implementação da infra-estrutura da Nuvem Nacional de Angola, “Cloud”, cujo projecto foi apresentado esta quinta-feira, pelo Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MITTCS).
O projecto contempla a construção de dois Data Centers, sendo que o principal edifício de dois andares pré-fabricado, “modelar”, será erguido numa área de 5.320 metros quadrados, no distrito do Camama, Luanda, e a modernização do Data Center Backup, instalado no Centro Nacional de Dados, junto do Instituto das Telecomunicações (ITEL), no Rangel.
Os dois Data Centers serão interligados com um anel de fibra óptica de 50 gigabitts (G) por segundo, de acordo com o director do Instituto Nacional de Fomento da Sociedade de Informação (INFOSI), André Pedro.
A outra ligação terá a capacidade de 10G por segundo, que será disponibilizada para a interligação dos diferentes departamentos ministeriais ao Data Center principal.
Fruto do Memorando de Entendimento assinado, em Dezembro de 2021, entre a multinacional Presight e o Executivo de Angola, o projecto vai permitir uma nuvem governamental unificada que será construída sobre os Data Centers que vão fornecer mais de 80 serviços.
O referido projecto prevê a migração das aplicativos “apps” existentes e a implementação de novos para a “Cloud” unificada governamental.
O Data Center principal vai albergar 204 armários de servidores, sendo a sua execução e apetrechamento estimado em 15 meses, tendo sido já contabilizado dois meses.
Augura-se com este projecto o surgimento de escritórios sem fio para os ministérios das Telecomunicações e Tecnologias de informação (MITTCS), o da Educação (MED) e a Assembleia Nacional (AN).
De acordo com o director do INFOSI, além da construção dos dois Data Centers, o projecto reserva a formação de técnicos e disponibilização dos serviços.
“Teremos maior segurança no que diz respeito aos dados dos cidadãos e disponibilização de serviços electrónicos”, referiu o responsável.
Com este projecto, acrescentou, aguarda-se a redução de filas de utentes em busca de serviços electrónicos, assim como a eliminação da lentidão que ainda prevalece na prestação de serviços públicos.
A disponibilização do Cloud nacional estará estratificada em três níveis, nomeadamente o nível dos órgãos de soberania, da administração do Estado e da sociedade de informação.
Convergir Data Centers dispersos
Tão logo for concluído o projecto, previsto para o primeiro trimestre de 2024, todos os silos de Datas Centers dos departamentos ministeriais serão transferidos nesta plataforma, o que vai permitir poupanças para o Estado, na ordem dos 60%.
Além de redução de custos, vai-se também reduzir a sobreposição de investimentos a nível da construção do Data Centers, segundo André Pedro.
A título de exemplo, disse que manter a licença para os correios electrónicos institucionais, para que sejam invioláveis, o sector tem custos na ordem de 15 milhões de kwanzas, por ano.
“ Se cada Ministério tiver um Data Center e se tiver que manter os serviços alojados, a manutenção dessas licenças constituem um custo alto para o Governo de Angola, por essa razão, justifica-se a construção de um Cloud Nacional”, referiu André Pedro para quem os Data Centers dispersos colocam em risco os sistema de dados do país.
Segundo disse, os Datas Centers independentes por cada ministério, com vários padrões, entre os mais organizados aos mais ou menos, perigam a segurança de informação de todos.
“Fica muito difícil termos um controlo cerado na forma de disponibilização de dados, tendo em conta que existe uma diversidade de Data Centers dos vários departamentos ministeriais e empresas públicas”, admitiu.
Domínio. Ao será terciarizado
Segundo ainda o responsável, o INFOSI vai deixar de ser “ árbitro e jogador ”, no que toca a questão da disponibilização do domínio.Ao.
O INFOSI, avançou, passará a ser simplesmente regulador do mercado, após conclusão da Cloud Nacional, dedicando-se a emitir licenças às empresas que serão responsáveis pelo domínio.
O custo actual para a aquisição de um domínio.AO ronda os oito mil kwanzas por ano, um valor que o sector vai manter ao terciarizar, e controlar para o preço da aquisição deste serviço electrónico.NE/AC