Caála – O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, afirmou este sábado, na província angolana do Huambo, que a futura Plataforma Logística da Caála constitui uma peça preponderante de desenvolvimento sustentável, inclusivo e justo.
O governante português, que falava no acto de colocação da primeira pedra para a construção do empreendimento numa zona estratégica do Corredor do Lobito, disse ser um vasto e justo empreendimento que Angola está a promover, com a diversificação económica no centro da sua estratégia de crescimento.
Referiu que Angola sabe, com a construção desta infra-estrutura, que pode se tornar num dos principais epicentros para o fornecimento de bens para o continente africano e de produtos agrícolas produzidos nesta rica província do Huambo, mas, também, de toda extensão geográfica ao longo do Corredor do Lobito.
João Gomes Cravinho, que falava em representação da União Europeia, disse que os Estados membros desta comunidade querem estar ao lado do Governo angolano neste processo indispensável para Angola, para África e para a economia global, com implicações profundas.
Assegurou que do ponto vista europeu o racional para apoiar esta plataforma logística é evidente, pois existem pelo menos três a quatro razões para a importância deste investimento e, ao mesmo tempo, aplaudir um dos países membros da União Europeia, concretamente o Reino dos Países Baixos.
Por outro lado, acrescentou, tem que ver com o facto de a província do Huambo ser uma referência incontornável no sector agrícola, com maior produção de cereal, bens oleaginosos, frutas trópicas e o abacate, como produtos de bandeiras, enquanto noutra vertente é o aumento significativo do número de agricultores angolanos interessados em exportar produtos.
Disse que este facto reflecte a vontade angolana de passar de importar líquido, para exportar líquido dos produtos do campo, com uma forte aposta em todo potencial de produção local.
O governante adiantou que a Plataforma Logística da Caála terá as condições para armazenar produtos perecíveis a baixas temperaturas, o que não era exequível dada a escassez de infra-estruturas de conservação em frio nesta região, o que vai impactar e transformar, tanto a economia, como a agricultura locais.
“Sem surpresas, até as perspectivas mais conservadoras quanto ao valor acrescentado desta plataforma logística, antecipam um incremento muito significativo e muito sustentável no volume de toneladas e de contentores até 2025, com um fluxo para outras províncias de Angola e para várias regiões terceiras, como a República Democrática do Congo, da Zâmbia e, ainda, para outros países do continente europeu”, realçou.
Apontou os fertilizantes, cimento, granito, mineiras raros e produtos químicos, como os principais a serem movimentados pela infra-estrutura, que considerou ser um exemplo de parceria público/privado bem sucedido que combina a experiência holandesa em transportes, logística a agricultura, com a ambição angolana de afirmação externa nesta domínio e, ao mesmo tempo, valoriza a terra fértil dos recursos hídricos e o clima propício da província do Huambo.
Por isso, o governante apelou para a valorização dos bons exemplos de parcerias mutuamente benéficas, entre a Europa e a África, para construir novas oportunidades de negócios, com a promoção de sinergias para o Corredor do Lobito, uma infra-estrutura chave para o futuro de Angola e de África de Central.
Países Baixos
Por sua vez, o embaixador dos Países Baixos em Angola, Tsjeard Hoekstra, lembrou que o Corredor do Lobito tem um forte potencial mineiro indispensáveis para a transição energética, com minerais no Sul da República Democrática do Congo, no Oeste da Zâmbia e a mina do Longonjo, na província angolana do Huambo.
Para além da exploração mineira, acrescentou, o Corredor possui inúmeras potencialidades industriais, comerciais e agrícolas, porém este potencial em si não é suficiente, pois o segredo para desbloqueá-lo reside na logística, que constitui a base da parceria, entre o Ministério dos Transportes, a Embaixada do Reino dos Países Baixos e a Flying Swans, o Consórcio de empresas holandesas.
Declarou que a Plataforma Logística da Caála constitui, até ao momento, o resultado mais concreto dessa parceira, pois vai abrir o mundo aos produtores da zona alargada da Caála.
Disse que a cadeia de frio, enquanto elemento crucial da plataforma, vai assegurar, para além dos produtos perecíveis a grosso e a retalho vão ser transportados em baixas temperaturas.
Tsjeard Hoekstra disse que a região angolana do Huambo tem um potencial agrícola enorme, de forma particular, na produção de frutas, um sector, particularmente importante, tanto para os Países Baixos, como para Angola.
Por isso, manifestou a prontidão dos Países Baixos em aprofundar e reforçar a recuperação do sector das frutas em Angola, com o apoio de grupos de empresas angolanas e holandesas, especificamente para os produtos mais promissores, sobretudo, os planos concretos para a exportação de extracto de citrino, frutos secos e moringa, numa altura em que tem trabalhado com o Ministério da Agricultura e Florestas no controlo fitossanitário, depois de ter aberto o caminho para a exportação no mercado Europeu.
Neste vertente, sublinhou que a construção da Plataforma Logística da Caála, a primeira de género na localidade, representa um passo crucial do Corredor do Lobito, que, por sua vez, constitui um catalisador para o desenvolvimento económico, na medida em que vai oferecer inúmeras oportunidades empresarias e proporcionar possibilidades únicas para mais e melhores empregos na agricultura, indústria, transportes e inclusão de mulheres e jovens.
Disse ser um contributo importante para uma economia dinâmica, pluralista e resiliente, daí o facto de a colocação da primeira pedra para a construção do imóvel constituir um marco importante na cooperação, entre Angola e os Países Baixos.
A infra-estrutura, a ser construída a oito quilómetros a Oeste da Administração do município da Caála, está localizada entre as estradas nacionais 120 e 260, num ponto estratégico ao longo do reabilitado Corredor do Lobito, um terminal ferroviário, que servirá de plataforma intermodal para a região, com a capacidade prevista para comboios até 50 vagões.
O empreendimento resulta de uma parceria, entre o Governo de Angola, representado pela Agência Reguladora de Certificação de Carga Logística de Angola (ARCCLA) e pelo Governo do Reino dos Países Baixas e do Consórcio Flying Swans, para além de contar com o apoio técnico e financiamento do Banco Mundial. ALH