Governador do BNA aborda cooperação com homólogo da Namíbia

     Economia           
  • Luanda     Terça, 05 Março De 2024    15h29  
Governador do BNA, Manuel António Tiago Dias (à esq.) com homólogo da Namíbia
Governador do BNA, Manuel António Tiago Dias (à esq.) com homólogo da Namíbia
Pedro Parente-ANGOP

Luanda - O  governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Manuel Tiago Dias, disse esta terça-feira, em Luanda, existir várias iniciativas de Angola e da Namíbia para que os cidadãos dos dois países possam, com maior facilidade, usar os sistemas de pagamento nas transações comerciais.

Manuel Tiago Dias teceu tais considerações à imprensa, no final de um encontro de trabalho com o governador do Banco da Namíbia (BoN), Joahannes Gawaxab, que abordou a cooperação entre as duas instituições, no quadro da operacionalização do Memorando de Entendimento assinado entre os dois bancos centrais, em 2023.

De acordo com o governador do BNA, até ao momento foram feitos trabalhos técnicos apreciados a nível das administrações dos bancos centrais, em que foi orientado o aprofundamento dos mesmos, uma vez que se deve encontrar equilíbrios e ter-se em consideração os interesses de ambas as partes.

Desse modo, disse, serão evitadas situações que ocorreram no passado, em que se notou um forte desequilibrip, fazendo com que Angola tivesse acumulado uma dívida substancial no âmbito da implementação do acordo anterior, situação a ser acautelada.

“O protocolo está na fase de identificação das vias da sua implementação com êxito, e o que pretendemos é que até ao final do ano se possa identificar claramente um instrumento que permita a facilitação do comércio entre os dois países, respeitando os interesses entre as duas partes”, realçou.

Afirmou que se recomendou um estudo às equipas técnicas para trazerem indicações sobre o potencial de exportação existente em Angola e que poderá ser aproveitado pela classe empresarial, no âmbito da implementação do protocolo.

O governador do BNA disse ainda que existem muitas unidades fabris no país com potencial para exportar bens à vizinha Namíbia.

“Passamos em revista o que está a ser feito no âmbito da facilitação do comércio entre Angola e Namíbia, olhando essencialmente para os instrumentos que deverão facilitar essa cooperação, para o lado dos sistemas de pagamentos”, referiu

Por outro lado, indicou, foram analisadas as perspectivas de cooperação no domínio da investigação entre os dois bancos centrais, e, neste sentido, serão realizados estudos conjuntos para identificar o potencial de exportação de ambos os lados, que, naturalmente, poderá ser usado pelos empresários.

“Uma vez que estamos a elaborar a estratégia nacional para a inclusão financeira, tivemos uma conversa relativamente a este assunto, e o que se constatou é que o nível que pretendemos atingir em 2028 é o em que a Namíbia se encontra actualmente”, frisou.

Por este facto, realçou, ficou decidida a partilha de informação e conhecimento, para se ter sucessos quer no âmbito da elaboração, que no futuro, em termos de implementação da estratégia nacional para a inclusão financeira.

Falou, por outro lado, que Angola já manifestou formalmente a intenção de fazer constar a moeda nacional (Kwanza) como uma das moedas de liquidação no âmbito do sistema de pagamentos da SADC e, naturalmente, este poderá ser um dos instrumentos que irá contribuir para impulsionar as relações bilaterais entre Angola e a Namíbia.

Por se tratar de um sistema de pagamento da região, disse que existe um processo que deve ser desencadeado, embora o país já tenha manifestado aos gestores do sistema de pagamentos da RTGS para incluir o Kwanza como moeda de liquidação.

A RTGS da SADC é um sistema regional de pagamentos electrónicos, desenvolvido pelos Estados-Membros da organização, com vista à liquidar rapidamente as transações transfronteiriças sem ter de recorrer a bancos intermediários fora da região.

Com isso, ressaltou, será permitido que os países cujas moedas sejam integradas no sistema de pagamento, a liquidação possa ser realizada com as suas moedas.

Por sua vez, o governador do Banco da Namíbia (BoN) destacou a importância do referido do protocolo, sublinhando que os ganhos não têm a ver somente com os bancos centrais, mas também para os empresários, porquanto “a componente que se está a trabalhar é sobre o comércio e de se encontrar mecanismos para facilitar e promover a referida actividade”.

“O protocolo tem a ver com o comércio e como podemos facilitar essa actividade entre os dois países com pesquisa económica, formas e mecanismos dos nossos empresários terem acesso ao comércio, informações sobre branqueamento de capitais e seus crimes associados e a inclusão financeiras”, frisou.

Reiterou o apoio às iniciativas do BNA e considerou frutífera a cooperação bilateral.

Joahannes Gawaxab está em Luanda integrado na delegação do Presidente do seu país, Nangolo Mbumba, que escolheu Angola como o primeiro país a visitar no início da liderança do seu país.

A escolha reflecte a importância que a Namíbia atribui a Angola, país vizinho e com longa história comum, facto que, num passado recente, tinha já levado a Namíbia a abrir as portas ao Kwanza, para circular livremente neste país.

A aceitação do Kwanza na Namíbia foi suspensa em 2015, por ter gerado em curto espaço de tempo uma entrada equivalente a 300 milhões de dólares (um dólar equivale a Kz 828,522).ASS/AC





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