Fraca procura congela investimento de USD 5 milhões em sementes melhoradas

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  • Huíla • Quinta, 01 Setembro de 2022 | 09h29
Huíla: João Saraiva - director-geral do grupo "Jardins da Yoba"
Huíla: João Saraiva - director-geral do grupo "Jardins da Yoba"
Morais Silva

Lubango – As dificuldades no escoamento, no ano em curso, forçou o congelamento da implementação de uma nova fábrica de processamento de semente melhorada de milho no município do Lubango, província da Huíla.

Dados do Ministério da Agricultura indicam que para aumentar os níveis de produção da média de mil Kg por hectare, para o dobro, o país precisa de 70 mil toneladas de semente de milho melhorada, a cada ano agrícola, e uma distribuição massiva aos produtores. 

Em entrevista à ANGOP, o director-geral do grupo Jardins de Yoba, dona do projecto, João Saraiva, disse que essa unidade com financiamento assegurado seria a segunda da empresa, especializada na multiplicação e processamento de sementes melhoradas e juntar-se-ia a antiga, com mais de 50 anos, que hoje processa 20 toneladas/dia.

O novo projecto do grupo, cuja implementação teve de ser parada, prevê processar, segundo a fonte, 20 toneladas por hora, estando projectada para a comuna da Arimba.

“Vamos investir mais de cinco milhões de dólares nesta unidade industrial da Arimba e já temos o financiamento, mas estamos receosos, pois precisamos de ter certeza que a quantidade da semente a processar será escoada, mediante um programa-contrato com o Governo, antes disso pensamos em não avançar”, justificou o empresário.

João Saraiva manifestou que quando entraram no Programa Nacional de Sementes propuseram-se atingir a cifra de duas mil toneladas de semente melhorada em menos de cinco anos de actividade, o que pode já ser alcançado mediante um contrato com o Estado, para conferir maior segurança ao investimento, pois a meta é atingir cinco mil toneladas em dez anos.

Queixou-se de um “abrandamento” do Estado na aquisição de sementes melhoradas, num país onde há uma necessidade de 70 mil toneladas/ano.

Conforme o entrevistado, o grupo tem, a nível de produção de sementes, todas as etapas definidas, a escala de produção estabelecida, através de campos próprios, que permitem chegar às duas mil toneladas/ano e os parceiros identificados que podem funcionar como facilitadores para garantir o volume de produção almejado.

“Para o caso da semente de milho melhorada, as necessidades do país são de 70 mil toneladas/ano, porque ainda temos uma produtividade inferior a mil quilogramas por hectare, devido ao fraco uso de sementes melhoradas, quando países vizinhos, como o Malawi e a Zâmbia colhem mais de dois mil kilos ao hectare e a África do Sul cinco mil”, continuou.

O Ministério da Agricultura, segundo a fonte, com a semente melhorada que adquire e distribui perto de cinco mil toneladas que servem apenas para cobrir cinco por cento da área total agricultável do país e os 95 restantes é de uma agricultura feita com a semente do produtor, com um grau de produtividade muito baixo.  

Para o empresário, as dificuldades na aquisição de sementes melhoradas no país, faz com que produtividade média seja a mais baixa em relação aos países vizinhos, pelo que é necessário olhar-se para uma maior distribuição do produto melhorado aos agricultores.

A empresa Jardins da Yoba é detentora de quatro fazendas, nomeadamente Humpata, no município com o mesmo nome, Maheque, Mucuma e Chaungo, na Chibia. Tem ainda parcerias com duas outras, a Chivemba (Cunene) e Tandanda, na Matala (Huíla), todas direccionadas à produção de sementes melhoradas.

Emprega actualmente 300 trabalhadores, 30 dos quais jovens licenciados recentemente e incorporados nos últimos dois anos na empresa. Tem ainda uma parceria público-privada com o Instituto de Investigação Agronómica.





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