Angola busca receitas florestais

     Economia           
  • Luanda     Domingo, 21 Março De 2021    21h42  
Secretário de estado para os Recursos Florestais, André de Jesus Moda
Secretário de estado para os Recursos Florestais, André de Jesus Moda
Bráulio Pedro

Luanda - O Mundo assinala neste domingo (21 de Março) o Dia Internacional das Florestas, sob o lema "Restauro florestal: um caminho para a recuperação e bem-estar", num contexto marcado pela pandemia da Covid-19, degradação e perda dessa biodiversidade, que repercutem duramente na economia angolana.

À semelhança de outros países que se dedicam à exploração florestal, em Angola esses ecossistemas terrestres têm grande valor económico e utilidade em distintas áreas, com relevância inquestionável na dieta, saúde e bem-estar das populações residentes nas zonas circunvizinhas, mas ainda geram receitas abaixo do esperado.

O país tem grande extensão florestal, com destaque para a Floresta do Mayombe, na província de Cabinda (Norte do país), e potencial para uma indústria transformadora de madeira, actividade que ainda contribui pouco para as receitas públicas.

Todavia, o mercado da transformação deste recurso natural já começa a apresentar, nos últimos anos, tímidos sinais de crescimento que poderão, futuramente, ajudar a diversificar a economia.

Só entre Dezembro de 2020 e Fevereiro deste ano, o Estado arrecadou cerca de USD 19 milhões e 15 milhões de Euros com a exportação de madeira nacional, conforme dados avançados, recentemente, pelo secretário de Estado para as Florestas, André Moda.

Em concreto, o sector previa produzir 500 mil metros cúbicos de madeira, através da floresta nativa, mas "não conseguiu explorar pelo menos a metade desta quantidade, por razões financeiras", nem "exporta 80% da madeira produzida, por não possuir uma industrialização afinada".

Conforme os dados de 2020, pelo menos 128 empresas tencionavam fazer a exploração de madeira em todo o país, mas apenas 116 concretizaram o desejo, contra 300 empresas da campanha florestal do período homólogo.

Só na última semana, o país assistiu à celebração do primeiro contrato de concessões florestais, experiência que se iniciou no Huambo (Planalto Central), com a expectativa de expandir-se para o resto do território.

De acordo com André Moda, que não precisou os principais mercados da madeira exportada de Angola, é intensão do Executivo angolano implementar este tipo de iniciativas em todo o país, particularmente na Região Sul e Leste, no âmbito de um plano que prevê o repovoamento das áreas exploradas.

Pretende-se com esta medida acabar com a exploração anárquica dos recursos florestais, com a devastação de árvores, sem a devida reposição/replantação, pelo que, actualmente, o sector se reorganizou e criou uma Política Nacional de Reflorestação e uma Lei de Bases sobre Florestas e Fauna Selvagem.

Por conta disso, André Moda aconselha os cidadãos a terem cultura de plantar pelo menos três árvores por cada ano, para mitigar o fenómeno da seca que assola, principalmente, a Região Sul do país, em respeito pela tradicional produção do Uíge, de Cabinda, do Bié, Cunza Norte, Moxico, Huambo, Lundas Norte e Sul e Bengo.

Desencoraja, por outro lado, os cidadãos a deixarem de explorar os recursos florestais de forma anárquica, para não colocarem em causa a flora e fauna nacional, numa altura em que o primeiro Inventário Florestal Nacional, de 2017, aponta para 69,3 milhões de hectares de floresta nativa.

Conquanto, estudos apontam que os recursos florestais são complexos e têm "mil utilidades", servindo de lar de cerca de 80% das espécies de anfíbios, 75% das aves, 68% dos mamíferos e uma fonte inestimável para a subsistência de cerca de 2,4 mil milhões de pessoas em todo o mundo, que dela dependem para a sobrevivência.

Dos seus benefícios, destacam-se a melhoria na qualidade de vida, o fornecimento de recursos naturais como madeireiros, plantas medicinais e produtos destinados a alimentação do ser humano, além de serem fonte de recursos genéticos, e locais de pesquisa, turismo e recreação.

No planeta, assumem-se como instrumentos com maior diversidade biológica, ocupando quase 31por cento da superfície do solo, na qual por cada pessoa existem cerca de 0,52 hectares de florestas, segundo as contas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, de 2020.

Pela sua transversalidade e a múltipla utilidade da madeira, um bom número de cidadãos e/ou famílias vive de pequenos negócios de resiliência em torno do valor e aproveitamento deste, desde a produção do carvão, da lenha, de peças artesanais e na grande Indústria Madeireira e no confecionar  alimentos.

 

 

 

 





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