Lobito - Depois de oito anos de tentativas, a fábrica de sumos no município do Bocoio, província de Benguela, pode ser montada brevemente, num espaço de quatro a cinco meses, soube a ANGOP.
A propósito, o fazendeiro Manuel Rodrigues informou que vai receber, dentro de dias, o título de propriedade e logo a seguir vai contactar o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) para o respectivo financiamento.
"Como já há certeza da montagem da fábrica, vamos voltar a produzir, mas estou preocupado porque a plantação do ananás demora dois anos", exclamou.
O empresário explicou que havia paralisado a produção porque perdeu 120 hectares de ananá por falta de escoamento.
Esta situação afectou igualmente outros produtores da região do Monte Belo, zona de maior produção, tornado o produto escasso.
Como consequência, o preço do ananás subiu, chegando a custar, naquela zona, mil e quinhentos kwanzas a unidade, valor que anteriormente se pagava por uma bacia com cinco unidades.
"Tenho de fazer tudo de novo. Estou a criar uma cooperativa e depois vou formular o convite aos associados. Há necessidade de termos um projecto e não contar apenas com a fábrica que vai ser montada", afirmou.
Segundo Manuel Rodrigues, actualmente são cerca de 360 associados e quer ver se consegue chegar aos 600, para que a fábrica possa funcionar sem sobressaltos.
Outro constrangimento, segundo ele, tem a haver com a duficuldade dos seus colegas em conseguirem também o título de propriedade para garantir que as terras são deles.
"Penso que o Instituto Geográfico e Cadastral de Angola (IGCA) deve facilitar os agricultores a conseguir este documento, porque só com ele podem conseguir financiamento bancário para trabalhar", assegurou.
Afirmou que, neste momento, a produção ainda é feita por etapas, principalmente por não haver um sistema de irrigação mecanizado.
"Estive recentemente num estágio no Brasil, onde aprendi técnicas para produzir o ananás, todos os meses", revelou.
Questionado sobre a perspectiva de exportação, afirmou que tem recebido solicitações de vários países, principalmente da África do Sul.
Para ele, o maior constrangimento é "o péssimo estado das estradas", que tem impedido o escoamento do produto, do campo para as cidades.
Assegurou que a solução passa pelo Governo criar condições para resolver a situação e facilitar a vida dos produtores.
"Os acessos estão mal e quando chove, não se consegue circular", queixou-se o empresário.
A fazenda do empresário tem 214 hectares, mas, neste momento, apenas 75 estão ocupados com a fruta. TC/CRB