Luanda – A ExxonMobil, petrolífera norte-americana que opera em Angola, desde 1994, ainda nunca registou o derrame de petróleo de “Nível 3”, o maior sinistro que pode ocorrer na actividade em zonas de exploração deste produto.
Essa informação foi prestada na quarta-feira, em Luanda, pelo director de segurança, saúde e ambiente desta multinacional, Murtala da Silva, tendo esclarecido que a actividade petrolífera está susceptível a três níveis de derrames, sendo o de Nível 3 o mais preocupante.
Falando à imprensa, à margem do Exercício Regional de Resposta ao Derrame de Nível 3, que decorre de 15 a 18 deste mês, na Ilha de Luanda, sem precisar o número de derrames de Nível 1 e 2 registados nos últimos anos, o responsável referiu que, dado ao risco da actividade petrolífera, as empresas estão sujeitas a preparar medidas de mitigação, em caso de um incidente grave.
"A probabilidade de acontecer os derrames na indústria petrolífera é muito reduzida, mas não é impossível, por isso, as companhias devem estar em prontidão para mitigar sinistros do género", reforçou.
Enquadrado no Exercício "Palanca Negra Gigante", a fonte afirmou que o evento inclui a simulação de derrames na zona costeira, demonstrando a capacidade de resposta da ExxonMobil Angola, em caso de surgimento de um derrame de petróleo de “Nível 3” na zona costeira.
Adicionalmente, o exercício serve também para mostrar os equipamentos usados, com destaque para bóias de protecção, bombas de sucussão, tendas, drones, entre outros materiais de contenção de derrames, para além de testar a capacidade de reacção dos profissionais.
Por sua vez, o director nacional de segurança, emergências e ambiente do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Manuel Xavier, destacou que o país regista uma das taxas mais baixas de derrames de petróleo no mar, comparativamente aos outros países produtores do crude no mundo.
O responsável também concorda que os derrames são inerentes à actividade petrolífera, apesar da existência de um determinado plano de prevenção, tecnologia de ponta e profissionais especializados.
“Embora haja meios tecnológicos e profissionais a altura, os derrames acontecem, devido às falhas tecnológicas e humanas, bem como as condições atmosféricas adversas”, acrescentou.
Por isso, apelou a necessidade de todas empresas petrolíferas terem capacidade de respostas rápidas, para evitar que o derrame se alastre, em caso de sinistro.
Quanto à fiscalização da actividade petrolifera no país, o director nacional referiu que o sector tem uma legislação específica que orienta todos operadores petrolíferos a terem um plano de prevenção e resposta de derrame de petróleo no mar.
A par dessa legislação, existe também a Comissão Nacional de Luta Contra Derrames de Petróleos no Mar, que tem a missão de traçar estratégias de resposta para evitar ou minimizar os danos ambientais derivados de um possível sinistro.
O primeiro dia do Exercício Regional de Resposta ao Derrame de Nível 3 foi testemunhado pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleos e Gás, Diamantino Azevedo, que considerou de extrema importância, por servir para testar a capacidade dos operadores.
Em Angola desde 1994, através de filiadas ou participações directas, a ExxonMobil tem presença no Bloco 15, com 36%, Bloco 17 (18%) e no Bloco 32, com 15%.Desde 2020 que está nos blocos 30, 44 e 45, com 60%, estes três últimos localizados na Bacia do Namibe.
Recentemente, a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) e o Grupo Empreiteiro do Bloco 15, operado pela ExxonMobil Angola, anunciaram o alcance do marco de 2,5 mil milhões de barris de produção cumulativa de petróleo no Bloco 15, desde a Primeira Produção, a partir do FPSO Xikomba, há 20 anos.
O Bloco 15 está localizado a cerca de 145 quilómetros a oeste da costa da província do Zaire, em águas profundas ao largo da costa de Angola.
O feito agora alcançado soma-se ao histórico de sucesso daquele activo que conta com 18 descobertas comerciais, o que o torna uma das concessões offshore mais bem-sucedidas da África Ocidental. Devido à crescente maturidade dos campos do bloco 15, o foco actual consiste em maximizar a recuperação dos recursos remanescentes, por meio da optimização da produção, utilização de avanços tecnológicos e redução de emissões.
Refira-se que o bloco 15 colocou em funcionamento cinco FPSOs em seis anos, estabelecendo com isso o tempo de execução mais rápido na África Ocidental e um dos mais rápidos da história da indústria. A produção teve como referência o arranque (startup) do FPSO Xikomba em 2003, seguida pela aplicação da estratégia “Projectar Um, Construir Vários” dos FPSOs Kizomba A em 2004, Kizomba B em 2005 e 2 (duas) no Kizomba C (Mondo e Saxi-Batuque) em 2008. QCB/AC