Lucapa – A exploração inadequada de diamantes, feita pela antiga gestão da empresa “Camútue”, na mina da actual Sociedade Mineira de “Kaixepa” (nova gestora), situada na Lunda Norte, está a impactar, negativamente, na produção e rentabilidade da empresa, deixando a diamantífera à beira da falência técnica.
Esta declaração é do novo presidente do Conselho de Gerência de “Kaixepa”, Domingos Margarida. Segundo o gestor, “a forma de exploração da antiga empresa, numa mina de kimberlito, não se adequa aos actuais padrões universalmente estabelecidos, tendo em conta a metodologia inadequada que era usada”.
Há quase um mês, desde que assumiu a gerência da “Kaixepa”, Domingos Margarida, que falava à imprensa, hoje, no âmbito da jornada de campo, que alguns jornalistas efectuam às zonas mineiras, explicou que a mina era explorada aleatória e “empiricamente” em forma aluvionar, em vez de kimberlito, como são caracterizados os dois blocos de exploração, naquela região.
Esclareceu que o método de exploração no kimberlito obedece a critérios técnicos e específicos que diferem da produção aluvionar, factores que “não foram rigorosamente observados” pelo antigo operador.
Segundo o também engenheiro de minas, a forma de escavação de um kimberlito é diferente do aluvionar, onde se pode encontrar o cascalho a 30 ou 40 metros de profundidade, por exemplo.
A produção aluvionar, continuou, pode ser feita em várias áreas de forma desconcentrado, por exemplo, enquanto o kimberlito é explorado numa só rocha, com única cadeia de produção no mesmo local.
De acordo com o técnico, a forma inversa como era explorada o kimberlito deixou degradada a mina, denotando ignorância ou “má fé” por parte da antiga empresa, dificultando ao máximo a actividade da actual gestão.
Fez saber ainda que a nova gestão encontrou quase todos equipamentos obsoletos e sem stock de peças para possível reparação das máquinas, apontando a falta de novos equipamentos como outro factor que tem afectado, negativamente, os níveis de produção da empresa.
“Encontramos a mina quase a afundar, faltando apenas declarar falência técnica, por não ter condições para continuar a operar. Mas, em função da responsabilidade que a empresa assumiu com os seus trabalhadores e a comunidade local, vamos tentar resolver os problemas encontrados e manter os actuais níveis de produção”, afirmou.
Segundo o novo gestor, além de “não pagar impostos”, a antiga “Camútue”, gerida por um grupo de empresários angolanos e sul-africanos, nem mesmo permitia as autoridades governamentais entrar na mina, para fiscalizar ou dialogar.
Diante deste cenário, a partir dos finais de 2019, a Endiama teve de refazer o contrato e começou com o processo de transição da antiga para a nova gestão, denominada Sociedade Mineira de “Kaixepa”, que está a gerir a mina, desde o dia 1 deste mês.
Em função de vários constrangimentos, a actual produção situa-se em cinco mil quilates por mês, contra 12 mil quilates/mês da capacidade da empresa.
Entretanto, para aumentar a sua produção, a “Kaixepa” precisa de cerca de 30 milhões de dólares, para aquisição de novas lavarias, peças de reposição e outros equipamentos.
A mina de “Kaixepa”, situada há 150 quilómetros da capital da Lunda Norte, Dundo, emprega 763 trabalhadores, entre nacionais e estrangeiros.
Com uma área de concessão de 76 quilómetros quadrados, a mina conta com dois kimberlitos em exploração.