Luanda - O Executivo angolano continua empenhado na eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis, embora não pretenda eliminá-los por completo em 2025, afirmou esta quarta-feira, em Davos, Suíça, o ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano.
O governante, que representa o Presidente angolano, João Lourenço, na 55ª Reunião Anual do Fórum Económico Mundial, na Confederação Suíça, falava em entrevista à agência de informação financeira Bloomberg.
Realçou a intenção de não retirá-los por completo, este ano, pois isso poderia criar “dificuldades desnecessárias” para os cidadãos do país.
José de Lima Massano anunciou, ainda, que o Governo pretende angariar, este ano, até 2 mil milhões de dólares em Eurobonds (títulos da dívida em moeda estrangeira), no âmbito dos esforços para alargar os prazos de vencimento e reduzir o custo da dívida.
“O Governo mantém-se empenhado na eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis, embora não pretenda eliminá-los por completo em 2025, pois isso poderia criar “dificuldades desnecessárias” para os cidadãos do país, explicou.
Quanto à angariação de títulos da dívida, afirmou que, este ano, “o Governo vai aos mercados para emitir Eurobonds”, realçando que “não será diferente do que fizemos antes: mil milhões de dólares, podendo ir até 2 mil milhões USD.”
Para o ministro de Estado, os preços e prazos de vencimento da dívida são “críticos, para que não haja pressão adicional sobre a dívida pública. Espero que a inflação mantenha esta tendência descendente para que tenhamos acesso a fundos em termos cada vez mais favoráveis”.
Angola celebrou, recentemente, dois acordos de financiamento com o JPMorgan Chase & Co, no valor de mil milhões de dólares, fundos que serão utilizados para financiar o orçamento do país para 2025, incluindo projectos de infra-estruturas que visam aumentar o abastecimento de água, electricidade e os hospitais, segundo José Massano, citado pela Bloomberg.
Questionado sobre se o Governo estava a preparar novos acordos de financiamento semelhantes aos celebrados com o JPMorgan, o ministro de Estado disse que Angola “continua à procura de oportunidades”.
“Estamos a tentar, tanto quanto possível, alargar os prazos de vencimento”, frisou o chefe da equipa económica, sublinhando que o país está a seguir as orientações do Fundo Monetário Internacional (FMI) em matéria de gestão de recursos, mas não considera, nesta altura, outro programa de financiamento com o Fundo.
Recordou que a economia angolana deverá expandir-se cerca de 4% este ano, em comparação com um crescimento de “pouco acima de 4%” em 2024, apontando para esse desempenho sectores fora do petróleo e o programa de privatizações.
“Continuamos a procurar formas de eliminar os estrangulamentos da economia para que as empresas possam continuar a crescer. Por isso, esperamos que 2025 seja outro bom ano”, sublinhou.
Quanto às privatizações, o ministro de Estado disse que nos próximos meses vão privatizar a empresa de telecomunicações UNITEL, sendo que parte desta operação está a ser feita através da bolsa de valores.
O Governo irá também alienar participações no Banco de Fomento Angola (BFA), o seu segundo maior banco, e na unidade local do Standard Bank Ltd.
As três empresas estão entre as maiores das quase 200 instituições e activos estatais que o Governo inicialmente marcou para alienação em 2019, com vista a angariar dinheiro e diversificar a economia para além do petróleo.
De acordo com o governante, mais de metade dessas empresas já foram privatizadas.
“Decidimos lançar um programa massivo de privatizações de empresas estatais. Está a acontecer”, frisou.
Participação no Fórum Económico de Davos
No quadro da sua participação no Fórum Económico de Davos, o ministro de Estado tem desenvolvido intensa actividade, centrada em contactos bilaterais com decisores políticos, investidores e gestores empresariais, entre outras entidades, com a finalidade de explorar e promover parcerias público-privadas para a mobilização de recursos para o desenvolvimento económico do país.
O governante angolano tomou parte no workshop sobre “Investimento em Cadeias de Valor de Minerais Críticos”, onde defendeu a importância da exploração sustentável e inclusiva de recursos minerais estratégicos e das parcerias público-privadas.
Encontrou-se com CEO’s e representantes das empresas Trafigura, Citigroup, De Beers, Standard Chartered Bank, Menzies Aviation, JP Morgan, Africa Finance Corporation (AFC).
José de Lima Massano reuniu-se, igualmente, com o ministro português da Economia, o vice-presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, os presidentes do África Finance Coorporation e do Afriximbank, o governador do Banco Central da África do Sul e com antigo primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair (1997-2007), agora nas vestes de presidente do Instituto para a Mudança Global.
Participou ainda, esta quarta-feira, no Fórum dos Amigos da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AFCFTA), realizada sob o tema “Transformar o Comércio Digital num Catalisador do Crescimento em África”, e que visou impulsionar a implementação da AFCFTA, através de parcerias público-privadas.
Este fórum constitui-se numa plataforma dinâmica para um diálogo visionário sobre comércio digital e o papel crucial do sector privado no avanço da implementação do Protocolo de Comércio Digital da AFCTA, adoptado pelos Chefes de Estado e de Governo da União Africana, em Janeiro de 2024. VC