Luanda - A ministra das Finanças,Vera Daves manifestou tranquilidade quanto aos níveis de endividamento público externo e interno, actualmente em torno dos 66% do PIB, ou seja, USD 70 mil milhões de dólares.
Vera Daves descartou a possibilidade da dívida de Angola ser um problema de Estado, apontando benefícios, de organismos multilaterais, de acordos estabelecidos com credores bilaterais, sendo o maior a China.
Em entrevista recente à Voz da América,no quadro da participação de Angola nas Reuniões de Primeira do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional,disse que o Executivo continua a fazer gestão proativa da dívida.
Do actual total da divida, 60% corresponde a externa e 40% a interna.
Em 2022, lembrou, quando Angola foi ao mercado de obrigações, fez-se uma gestão da dívida ao comprar Eurobonds antes de elas vencerem e ter colocado outras no mercado com prazos mais longos e taxas baixas.
Tal prática, segundo Vera Daves, ajuda o serviço da dívida, localmente, além das operações internas feitas em termos de obrigações, como as indexadas a taxa de câmbio que são mais altos, só em kwanzas tem um serviço mais gerível.
Segundo a governante, vão continuar a identificar iniciativas para ir reduzindo o serviço da dívida para que o financiamento em benefício do país vir a custos mais baixos e maturidades mais longas.
"Eu acho que deveremos continuar a estar serenos em relação ao nível de endividamento", afirmou Vera Daves, com base na continua estratégia da redução da dívida, iniciativas que visam o PIB crescer ainda mais pela via da diversificação econômica, o continuo apoio no sector da energia, o alargamento da base tributária.
Aposta no equilíbrio
Da dívida contraída a nível externo (60%) e a nível interno (40%), Vera Daves diz que procuram manter equilibrada tal repartição para que não se exagere ah exposição de Angola a riscos cambiais.
"Sempre que nós nos endividamos externamente estamos expostos ao movimento da taxa de cambio, porque a nossa receita, apesar de parte vir em moeda forte da venda de petróleo, também cada vez mais aumenta a receita em moeda em Kwanza que deve ser convertida em moeda externa para atender a dívida da externa, logo temos de ter cautelas até onde vai o endividamento externo e procurarmos nos financiar localmente", precisou.
Mesmo assim, defende o não exagero do financiamento interno sob pena de se ‘canibalizar’ aquilo que chama de ‘patetipe’ dos bancos comerciais locais, que podem por de parte o financiamento de iniciativa privada ao optarem por empréstimos ao Tesouro Nacional.
O equilíbrio deve ser feito para que o Estado não coloque ou expor-se a riscos excessivos nem canibalizar a sua economia interna’, sublinhou, acreditando que é do sector privado forte que vira, estruturalmente a solução, a redução do endividamento.
Ida ao mercado ainda em análise
Vera Daves de Sousa também foi questionado sobre a ida ao mercado, tendo reiterado a sua avaliação, justificando que o ambiente ainda ser de muitas dúvidas relacionadas com conflitos geopolíticos, combate à inflação e outras preocupações de varia ordem.
Olhando para o actual cenário, crê que ajudaria o país tendo em conta os preços das obrigações de países economicamente emergentes no qual Angola insere-se.
"Sempre que há um contexto de maior preocupação e menos liquidez,normalmente, as obrigações dos países do grupo onde Angola se inclui são negociadas a preço muito alto",observou.
Com foco na redução, acredita que Angola está a fazer um caminho de sair de um cenário em que tinham um rácio divida pública /PIB de 130% em 2020, para um cenário em que entrou em torno de 66%.
‘(…) Não queremos voltar lá atrás’, afirmou.
Para isso acontecer, disse o país tem de ser bastante cautelosos para todas as decisões que for tomando, e isso inclui a decisão do momento de ir ao mercado.
Justificou ainda que, se o ‘time’ não for correcto, a taxas de juro será alto e o prazo será curto, o que em nada ajudaria na defesa da sustentabilidade da dívida pública e na capacidade do país de fazer o serviço da divida.
Por isso, disse que se vai continuar avaliar o mercado e quando sentir-se que as condições estão melhores, ai assim o país participara.
Uma medida que Angola vai procurar explorar, quando for ao mercado será fazer uma emissão sustentável.
O quadro regulatório, a ser publicado em breve, permite a emissão de obrigações sustentáveis, sejam elas verdes ou azuis.
O que se quer, quando o mercado estar aberto para Angola, ek a possível emissão no quadro dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Angola já emitiu dívida pública nos mercados internacionais três vezes, tendo corrido como esperado, segundo Vera Daves.NE