Talatona – O director-geral da multinacional italiana, ENI, Guido Brusco, anunciou hoje, quarta-feira, em Luanda, investimentos no valor de mil milhões de dólares para o desenvolvimento de gás não associado em Angola.
O gás não associado é aquele que está livre do óleo e da água no reservatório e sua concentração é predominante na camada rochosa.
De acordo com o director da energética italiana, que interveio na 4ª edição da Conferência Internacional e Exposição Angola “Oil and Gas 2023 (A0G2023), o projecto do Novo Consórcio de Gás (NGC), que envolve a ENI e Azule Energie, engloba duas plataformas de poços offshore, uma fábrica de processamento de gás onshore e a ligação ao Angola gás natural liquefeito (LNG).
O plano, continuou, consiste em atingir uma produção de cerca de 350 milhões de pés cúbicos por dia, o que equivale a aproximadamente quatro mil milhões de metros cúbicos por ano.
O progresso nas actividades de construção, segundo o responsável, é impressionante, estando já a 15%, quase duas vezes mais rápido do que o planeado.
No próximo mês de Outubro, a empresa vai celebrar o lançamento da primeira pedra dos edifícios principais que irão acolher a equipa de operações do Novo Consórcio de Gás no Soyo - outro passo fundamental para garantir que se cumpria com as promessas.
Com base no progresso já alcançado, Guido Brusco confirma que o primeiro fluxo de gás pode já ser registado, em Julho de 2026, além de ter anunciado na aceleração do processo do primeiro gás.
Para continuar com a execução deste projecto a ritmo acelerado, disse ser essencial o apoio das autoridades para finalizar o pacote do quadro fiscal e o apoio dos seus parceiros.
A este respeito, reconheceu a colaboração efectiva com todas as entidades governamentais envolvidas e a liderança proporcionada pelo Ministério dos Recursos Minerais e do Petróleo e pelo Ministério das Finanças de Angola.
“ O projecto do Novo Consorcio de Gás não é apenas um projecto ambicioso é um testemunho da dedicação e determinação da Azule Energy, e da ENI antes dela, no desenvolvimento do gás em Angola”, considerou.
.Além disso, a ENI diz que já está a olhar para o futuro, com o primeiro poço de exploração de gás planeado em Angola, para o próximo ano, no bloco 1/14, que vai permitir o desbloqueio de gás no País.
Outros projectos em carteira
Na sua visão, o desenvolvimento do gás angolano será um catalisador para outras oportunidades e apoiará o desenvolvimento da indústria petroquímica e, em particular, a produção de fertilizantes.
“Os fertilizantes irão alimentar o sector agrícola angolano, incluindo a bio matéria-prima para produzir combustível descarbonizado, um sector em que a ENI está a trabalhar incansavelmente para o tornar uma realidade em Angola”, avançou.
Para o director da ENI, o gás é de facto o combustível ideal para a transição energética a longo prazo no país, além de constitui uma fonte de energia mais limpa, fiável e acessível para Angola e o mundo.
“Estamos já a preparar as campanhas de plantação que terão início nos próximos meses e já identificámos a área para a construção do primeiro complexo agroindustrial do país”, anunciou.
Explicou que esta fábrica terá capacidade de 30 mil toneladas por ano e a produção do primeiro óleo vegetal, cuja mesma está prevista para 2024.
Informou ainda que prosseguem com os estudos entre a Azule e a Sonangol para a implementação de uma bio-refinária no actual complexo de refinação de Luanda.
No âmbito da responsabilidade social, a ENI pensa já na implementação de um programa de distribuição de fogões limpos, onde serão distribuídos cerca de 200 mil fogões, durante os próximos cinco anos, apoiando 150 mil agregados familiares envolvidos em cinco províncias do país.
Acrescentou que a maior parte destes fogões serão produzidos e montados no país, um projecto que augura ter um impacto positivo significativo no seio da população local em termos de emprego, saúde e redução de emissões.
A 4ª Edição da Conferência Internacional e Exposição, Angola Oil& Gás 2023 (AOG2023) decorre sob o lema “Segurança Energética, Descarbonização e Desenvolvimento Sustentável”.
A decorrer de 13 a 14 deste mês, a Conferência realiza-se numa altura em que Angola mantém os níveis de produção na ordem dos 1,1 milhão de barris de petróleo por dia (BOPD).GIZ/NE