Lobito – A estratégia de recuperação da dívida dos clientes da Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) depende do segmento de cada cliente, segundo afirmou o seu Presidente do Conselho de Administração, Hélder Adão.
Em entrevista à ANGOP, o PCA disse que, para os clientes domésticos que têm contadores pré-pago, é debitada uma percentagem em cada compra que este efectuar. Depois de amortizada, passa a usufruir dos 100 por cento do valor da recarga.
Em relação às instituições do Estado e privadas, como as indústrias, a amortização desta dívida passa por uma negociação.
“Sempre manifestamos abertura e disponibilidade para negociar o pagamento faseado desta dívida, seja num plano mensal ou bimensal”, explicou.
Segundo Hélder Adão, as instituições do Estado também dependem de um orçamento e no caso da verba não for cabimentada, estas não têm como honrar com os compromissos
“Há instituições que acumularam dívidas por períodos prolongados, como por exemplo os estádios de futebol. A Cidadela em Luanda é um deles com seis mil milhões de kwanzas.
Revelou que há dívidas que são recorrentes em função de passivos que entidades do Estado não têm como assumi-las, como por exemplo as empresas das AAA e as que foram recuperadas pela Procuradoria Geral da República (PGR). Muitas delas foram entregues aos Tribunais.
“Estas entidades que herdaram esse património não querem assumir a dívida alegando não usufruir daquele bem antes da tomada de posse dos imóveis.
Já as instituições privadas, se após a negociação não honrarem o compromisso, é implementado o método coercivo, neste caso o corte.
Aquele gestor afirmou que a empresa tem feito acertos de contas com o Ministério das Finanças, na medida em que também tem o compromisso de pagar os seus impostos à Administração Geral Tributária.
Contadores pré-pagos
O PCA desmentiu rumores segundo os quais o processo de instalação de contadores pré-pagos está parado no país, por inexistÊncia daquele equipamento em stock.
“O que se passa é que este investimento fica muito pesado com recursos próprios da empresa e o esforço que ela faz, quase não se faz sentir”, afirmou.
Na mesma senda, referiu que existem projectos a serem financiados pelo Banco Aafricano de Desenvolvimento, mas que é um processo muito moroso.
Disse, no entanto, que 2023 é o ano em que há sinais mais positivos de que o processo vai avançar, porque houve recentemente um concurso público no qual já estão praticamente apuradas as empresas vencedoras.
“Estamos no período em que os concorrentes estão a apresentar reclamações, depois desse processo validado, vamos esperar que o BAD faça o pagamento às empresas vencedoras, ainda no presente ano, para ver se no início de 2024 este projecto arranque”, frisou.
Cobrança por estimativa
Devido ao facto da ENDE não possuir contadores pré-pagos para todos clientes com ligações domiciliares, continua o processo de cobrança por estimativa.
Quanto a esta situação, Hélder Adão afirmou que é uma das grandes preocupações da empresa e que deve ser resolvida logo que for possível.
“Temos de admitir que haja alguma injustiça porque pode haver prejuízo tanto para o cliente, por ser cobrado um valor que não corresponda com o consumo, como também para a empresa”, segundo o PCA.
Para se ultrapassar o problema, disse que a empresa deve garantir que cada cliente tenha um contador pré-pago.
Ligações ilegais
" Daquilo que é a nossa experiência, temos visto que muitas vezes, não é vontade do cliente furtar-se ao pagamento, mas a falta de electrificação na zona onde vive obriga-o a fazer a ligação ilega", reconheceu.
Segundo o PCA, essa situação verifica-se mais nas províncias com maior densidade populacional.
Hélder Adão admitiu que, à medida que a rede vai se expandindo, essas situações vão diminuindo.
Entretanto, segundo o PCA, a ENDE tem estado a fazer campanhas de corte das ligações que se encontram fora do controlo da empresa. TC/CRB
