Lubango - A burocracia no tratamento da documentação para exportar a produção de Angola para os Emirados Árabes Unidos (EAU), assim como os excessos de exigências que o país árabe impõe na qualidade dos produtos, constam das dificuldades que o empresariado local enfrenta para entrar naquele mercado, considerado rentável.
Actualmente nenhum empresário huilano conseguiu entrar, mas há alguns produtos que estão na forja para serem exportados, como a água mineral, o granito, o ouro, óleos essenciais, entre outros, segundo o vice-presidente da Associação Agro-Pecuária, Comercial e Industrial da Huíla (AAPCIL) César Liberato.
Ao reagir após um encontro da Câmara de Comércio e Indústria Angola Emirados Árabes Unidos (CACIANGEAU) e associações empresariais locais, no Lubango, o gestor empresarial afirmou que tais “excessos” não são só no lado de Angola, mas dos EAU, também.
Declarou que a burocracia para se exportar um produto para um determinado país tem de respeitar as normas que existem no mercado de destino e têm de ter conhecimento de quais se tratam, pelo que vão trabalhar com a CACIANGEAU para que a marca “Feito em Angola” chegue a todos os cantos do mundo.
César Liberato realçou que a exigência pedida na qualidade do produto é “minuciosa”, mas têm de respeitar e precisam tratar com eles, a fim de saber-se o que realmente se quer para que os produtos da província cheguem ao destino pretendido.
“Já existe uma mudança de paradigma dos empresários de fora a quererem investir em Angola, começam a ter vontade especial de fazer encontros com os empresários locais, mas é preciso fazer-se num formato diferente, que passe por negociar directamente com os investidores”, reforçou.
Na mesma senda, o delegado provincial da Associação Industrial de Angola (AIA) na Huíla, Francisco Chocolate, disse que para se exportar é necessário a certificação da Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações de Angola (AIPEX), com a anuência dos ministérios do Comércio e Indústria e o da Economia e Planeamento, um processo que é moroso.
“Esperamos que a Câmara possa ajudar a torná-lo mais célere, uma vez que os dois países já têm protocolo de entendimento com os ministérios de tutela. Queremos ter pelo menos uma indústria da Huíla a exportar e com isso poderemos atrair mais divisas para Angola”, manifestou.
Por sua vez, o representante da Câmara de Comércio e Indústria Angola-EAU, Victor Panzo, referiu que a instituição tem o papel de intermediação para que as instituições afins e os ministérios que têm a responsabilidade de certificar o produto dos empresários trabalhem com celeridade.
Os EAU têm o critério da exigência e a Câmara tem a preocupação, pelo que os empresários têm de ter toda a documentação organizada e a certificação do produto, um atestado passado pelo Estado que deve continuar a implementar políticas de celeridade do “Feito em Angola”.
“Há produtos na Huíla que já têm o selo Feito em Angola, com realce para a água da Chela. A água Preciosa contactou a Câmara para que o seu produto chegue aos EAU e terá de obedecer o critério de ter o selo e todos os parâmetros exigidos internacionalmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS)”, continuou.
Victor Panzo fez saber que se os empresários estiverem filiados à CACIANGEAU terão o processo mais facilitado para terem os seus produtos neste mercado asiático, um país que representa uma plataforma giratória que liga vários pontos do mundo.
CACIANGEAU convida empresários da Huíla no Angola Global Business Forum
Ressaltou que o encontro serviu para a Câmara convidar os empresários locais a participarem no Angola Global Business Forum, 2ª edição, que acontece de 28 a 30 do mês em curso em Luanda, um evento que congrega a classe empresarial dos sectores do agro-negócio, crédito de carbono, turismo e imobiliário, minerais cadeia de valor no sector do petróleo e gás.
“Queremos congregar não só os empresários que estão na capital do país, mas abrir isso à toda Angola, com destaque para a Huíla que tem potencial em agro-negócio, turismo e minerais, que vamos levar em consideração aos empresários dos EUA e de outros países que farão parte desde fórum”, reforçou.
Victor Panzo reafirmou que o objectivo é apoiar o empresariado por serem eles a sustentar a balança económica e garante de vários postos de trabalho, sobretudo para a juventude, pelo que pretendem trazer o fórum na Huíla, tendo em conta as potencialidades que a província apresenta.
A Câmara de Comércio e Indústria Angola- EAU (CACIANGEAU) é uma organização que se dedica exclusivamente à promoção de investimentos e ao desenvolvimento das trocas comerciais entre ambos países, bem como a apoiar o crescimento da economia Angolana. EM/MS