Lobito - A Caxaramba, fábrica de Aguardente e Rum sedeada no Lobito, província de Benguela, recebeu, esta semana, as primeiras trinta toneladas de abacaxi nacional para iniciar a produção de bebidas com baixo teor alcoólico, soube a ANGOP, este sábado.
Em declarações à ANGOP, o sócio-gerente da empresa, Ricardo Guerra, revelou que este primeiro fornecimento é proveniente da comuna do Monte Belo, município do Bocoio.
"A fábrica tem capacidade para absorver dez toneladas de abacaxi por dia", informou.
Contou que ela está inserida na antiga fábrica de vinhos feito com abacaxi e, em função disso, foi possível recuperar as máquinas e adaptá-las às novas tecnologias.
"A nossa preocupação principal, apesar de termos a cana como nossa imagem de marca, é trabalhar também com outros produtos que nos permitam, de alguma maneira, colmatar a escassez de outras bebidas do sector primário", explicou.
Assegurou que a Caxaramba vai continuar a fazer experiências até chegar ao perfil desejado, com baixo teor alcoólico, sendo algumas bebidas fermentadas, numa primeira fase, e depois destiladas, que é a especialidade da casa.
Deu como exemplo a "Booster" e a "Sminorff", bebidas frutadas com quatro a cinco por cento de teor alcoólico.
Questionado sobre a quantidade extraída na primeira produção, o gestor não a avançou um horizonte temporal, mas disse que não vai demorar muito por ser "uma questão de acertar exactamente o perfil que se pretende".
"Temos a porta aberta para todos os produtores porque queremos receber grandes quantidades, dentro dos preços estabelecidos para uma indústria que quer produzir e transformar, de acordo com o nosso corebusiness (negócio principal)", frisou.
Disse também que é intenção da direcção da empresa ter terrenos para produção, mas, nesta fase, a prioridade é comprar aos agricultores produtos de qualidade que satisfaça às suas necessidades.
Ricardo Guerra lembrou que, há mais de cinquenta anos, a província de Benguela teve fábricas de bebidas com base no abacaxi, como é o caso da CIFAL, no Lobito, Dusol, em Benguela, e outra no Alto Hama (Huambo).
Há muitos anos que os produtores de abacaxi do Bocoio, Monte Belo e Balombo, enfrentam dificuldades com a produção, acabando por se estragar várias toneladas, por falta de escoamento e mercado.
É prática, os produtores alugarem motorizadas de três rodas, vulgo "Caleluias", para atingir zonas de difícil acesso onde colhem o produto e depois colocá-lo em carrinhas para transportá-li para os mercados do Lubango, Namibe e Luanda.
Segundo agentes do ramo, esse processo chega a ultrapassar, algumas vezes, o valor que se arrecada com a venda do produto.TC/CRB