Lobito – Cerca de cento e setenta e cinco mil milhões de kwanzas é quanto devem os clientes à Empresa Nacional de Distribuição de Energia (ENDE), a nível do país, afirmou o seu PCA, Hélder Adão.
Segundo o Presidente do Conselho de Administração da ENDE, que falava à ANGOP na cidade do Lobito, província de Benguela, 80 por cento do total da dívida tem a ver com os clientes domésticos, devido a perda do poder de compra e outros com alguma relutância, bem como a antigos combatentes que alegam ter o direito de isenção.
Quanto às instituições públicas, disse estar a tratar com o Ministério das Finanças e o Instituto de Gestão e Administração Pública (IGAP) para ajudar a resolver o problema.
Sobre a iluminação pública, dívida contraída pelos governos provinciais, Helder Adão informou que essas nunca foram pagas, pois eles alegam que a sua dotação orçamental não tem uma rubrica para este segmento.
Em relação aos clientes domésticos, a ENDE tem estado a interagir com eles de formas a facilitar a amortização, através de prestações.
Segundo o PCA, as Empresas da Zona Económica Especial, que era um projecto sobre alçada da Sonangol, também não pagavam, acumulando dívidas, assim como as que foram arrestadas no âmbito do processo judicial movido pela Procuradoria Geral da República
Outra situação que fez questão de lembrar é o caso da empresa AAA (três As) que também acumulou dívida elevada.
“Quando tentamos avançar com o corte, houve uma aproximação entre as partes, mas infelizmente o seu responsável entrou a contas com a Justiça e isso fez com que perdessemos o interlocutor”, realçou.
Fez saber que, ao longo dos últimos dois anos, por conta da pandemia da Covid-19, houve muitas situações adversas e muita população perdeu o poder de compra, outros ficaram desempregados, há empresas que fecharam, unidades hoteleiras baixaram a sua produtividade, obrigando a ENDE a optar por ponderação.
Na sua opinião, muitas vezes o acumular de dívidas tem a ver com a postura dos gestores, porque sabem que a sua instituição é sensível ao corte, como é o caso dos hospitais.
Questionado sobre as tarifas praticadas pela ENDE, afirmou que não cobrem as necessidades da empresa, fazendo com que não tenham margem de lucro.
A RNT (Rede Nacional de Transporte) adquire a energia à PRODEL (Empresa Pública de Produção de Electricidade) no valor de 4.25 kilowatts por hora e vende à ENDE a 11.6 kw/h.
Por sua vez, a ENDE tem de praticar tarifários para diferentes segmentos de clientes, onde vende a 2.44 kw/h ou a 4.44 Kw/h, para os particulares, 7.kw/h para a iluminação pública e 10.4 kw/h, para os de alta tensão, situando-se todos abaixo do custo de aquisição.
Para inverter o quadro, o PCA disse que a sua empresa já apresentou uma proposta à entidade reguladora para o ajuste dos preços, com base nos custos operacionais.
A ENDE resulta da fusão dos activos da extinta EDEL e da Unidade de Negócio de Distribuição da extinta ENE, desenvolvendo a sua actividade em todo território nacional.
Tem por objecto principal a distribuição e comercialização de energia eléctrica a nível nacional, no âmbito do Sistema Eléctrico Público (SEP), através da exploração das infra-estruturas das redes de distribuição em Alta, Média e Baixa Tensão, em regime de serviços públicos nos termos da Lei Geral de Electricidade e seus Regulamentos.