Ondjiva – A dificuldade na aquisição de animais junto dos criadores tradicionais tem reduzido a disponibilidade de carne bovina em diferentes talhos da cidade de Ondjiva, sede capital da província do Cunene, numa altura que se aproxima a data da quadra festiva, período em que as famílias aumentam o consumo deste produto.
Nos últimos dois meses, esses estabelecimentos têm registado escassez de bovinos para o abate, facto que tem motivado o encerramento de alguns talhos, em Ondjiva, segundo apurou, esta quarta-feira, a ANGOP.
De acordo com Pedro André, um dos proprietários de um talho, os comerciantes locais têm como fonte de animais os criadores tradicionais, que para além de aumentar o preço da cabeça do bovino, têm como preferência o mercado do 30, em Luanda, onde o valor é superior em relação ao mercado local.
Recordou que, anteriormente, o talho abatia entre três e quatro bovinos por dia, mas actualmente só consegue abater apenas uma por semana.
Já Manuel Kamulongo, gerente de um dos talhos, disse que, actualmente, o preço do boi ou da vaca varia entre 400 e 600 mil kwanzas, contra os Kz 180 e 200 mil dos últimos dois anos. Por este motivo, confirmou que foram encerrados vários talhos.
Outro comerciante que também sente a falta de bovinos no Cunene é o Alberto Shitenha, que referiu que muitos criadores preferem comercializar o gado no mercado namibiano, devido ao valor da moeda estrangeira.
“Estamos com muitas dificuldades de encontrar bois, os que aparecem estão desnutridos e os poucos saudáveis estão a ser comprados por namibianos, sendo que actualmente a cabeça está acima de 500 mil e outros levam para capital do país”, acrescentou.
Quanto ao preço, Alberto Shitenha disse que o quilograma de carne varia de 3 500 a 4 000 kwanzas, em Ondjiva.
Por seu turno, Fátima Mupondo, uma das proprietárias de uma cozinha, afirmou que, desde finais de Novembro, “não consegue confeccionar um prato de bife ou fitas”, devido a escassez de carne de bovino na localidade.
Perante esse quadro, apontou a carne de porco e de cabrito como as alternativas para manter a cozinha funcional.
Na ocasião, o chefe dos Serviços de Veterinária no Cunene, Cláudio Simão, justificou que a escassez de carne nos talhos da região deriva do facto de os criadores de bovinos preferirem comercializar os animais em outras localidade, onde o preço é mais alto.
Lembrou que muitas manadas foram deslocadas para as áreas de transumância a procura de pasto e água, sendo os poucos que existem encontram-se em estado débil.
Dados dos Serviços de Veterinária indicam que a província do Cunene tem um efectivo estimado em mais de um milhão 250 mil cabeças de gado bovino. FI/LHE/QCB