Luanda - A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis está a transferir todo o acervo nacional sobre petróleo, do formato físico para o digital, para melhor gestão das informações da Indústria Petrolífera em Angola, informou, hoje, em Luanda, o director do Gabinete de Gestão de Dados da ANPG, Lúmen Sebastião.
Falando numa conferência sobre o assunto, que decorre em formato virtual de 27 a 28 deste mês, avançou que, anualmente, os custos de gestão de dados petrolíferos rondam os seis milhões de dólares, para todo o acervo nacional, e que a transformação digital está a permitir diminuir os encargos do mesmo.
“É um processo ainda em fase embrionária. Estamos a evoluir e pretendemos chegar aos patamares atingidos pela ANPG do Brasil e outras instituições, como da Noruega e outros países, em termos dessa transformação digital”, augurou o gestor, no primeiro evento internacional do género.
De acordo com o técnico sénior da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), o modelo documental actual está dividido em dois processos, estando o primeiro ligado a dados técnicos que dão suporte à exploração e produção, e o outro (o segundo) relacionado com a gestão de informações administrativas.
No quadro da digitalização dos dados, essa concessionária angolana está a criar uma plataforma que possa albergar os dois modelos, e estudar a melhor maneira de disponibilização dos dados.
Para o efeito, explicou o director do Gabinete de Gestão de Dados da ANPG, a sua instituição está a aproveitar quer os modelos adoptadas pelo Brasil quer por outras congéneres pelo mundo, para depois trabalhar num protótipo que se encaixará à realidade de Angola.
Lúmen Sebastião, que apresentou o tema “Visão da ANPG na Gestão de Dados”, referiu que a área de gestão de dados é responsável pelo Planeamento, Controlo e Armazenamento, bem como pela disponibilização de activos de exploração e produção.
“A principal missão é garantir essa gestão de dados de exploração e produção, assim como a execução de mapeamento geológico e cartográfico, e a posterior disponibilização destes conteúdos aos clientes internos e externos”, destacou o palestrante.
Com isso, argumentou o responsável, pretende-se aferir quais os dados necessários e com valor para negócio, e se realmente ajudam os seus stakeholders (partes interessadas ou intervenientes); incrementar-se continuamente a qualidade de dados de exploração e produção; e assegurar a privacidade e confidência de dados.
Segundo esse técnico, a gestão de dados permite aumentar a produtividade e receitas do negócio, assim como ajuda a reduzir os riscos de segurança e a prevenir perdas. De igual modo, acrescentou, ajuda a melhorar a qualidade dos serviços que são prestados.
“Se nós quisemos tomar uma decisão mais acertada ao longo de toda a cadeia de negócios, temos de levar em consideração os dados. Não apenas a quantidade destes, mas sim a sua qualidade, muito valorizada na tomada de decisão das instituições, como a ANPG”, exemplificou.
A visão da ANPG sustenta-se num modelo com um conjunto de estratégias integradas que permite fazer a gestão de dados, estabelecer resultados positivos e sustentáveis, a longo prazo, com parceiros.
Experiências sobre a gestão de dados da congénere Brasileira e da Noruega, foram apresentados neste fórum. A ANP, do Brasil, por exemplo, possui uma Base Digital de Dados Petrolíferos há 21 anos.
De acordo com o superintendente Luciano Lobo da ANP do Brasil, de 2003 a 2020, a agência do seu país arrecadou 50 milhões de dólares (o equivalente a 251 milhões de reais) com a disponibilização de dados técnicos (venda) a instituições petrolíferas internas e externas (exploração e produção).