Menongue – Vinte e cinco toneladas de ferro gusa estão preparadas pela Companhia Siderúrgica do Cuchi (CSC), para serem exportadas para a Europa, Estados Unidos da América e Ásia, no próximo mês de Novembro.
Em declarações esta quinta-feira à ANGOP, o director da área de produção, Luís Octávio, informou que, desde a entrada em funcionamento da CSC, em Agosto de 2023, já são contabilizadas cinco carregamentos do referido produto, contando com este que sai em Novembro, com 25 toneladas cada, levadas ao mercado internacional.
Lembrou que o primeiro carregamento com igual proporção foi feito no mês de Novembro de 2023, com o mesmo “modus operandis”, partindo do município do Cuchi por meio de um comboio de carga pertencente ao Caminho-de-ferro de Moçâmedes até ao porto do Namibe, de onde sai para o exterior.
O responsável, que não precisou os valores arrecadados, fez saber que a fábrica produz actualmente 230 toneladas de ferro gusa por dia, acumulando uma produção mensal de seis mil e 300 toneladas, uma produção ainda abaixo das suas capacidades programadas, já que está a funcionar com apenas um alto-forno dos quatros previstos.
Revelou que a implementação do segundo alto-forno está prevista para o próximo ano, o que poderá duplicar a produção e agregar maior capacidade de resposta às necessidades do país e dos mercados internacionais, onde o ferro gusa é cada vez mais solicitado.
Fez saber que a fábrica já proporcionou mais de mil e 500 empregos directos, dos quais mais de mil e 200 na área de produção de carvão e outros de divididos na mina, na reflorestação, entre outras áreas.
Companhia implementa programa de sustentabilidade ambiental
Para garantir a auto-sustentabilidade ambiental, estão preparados três hectares para três milhões de plantas de eucaliptos de diferentes espécies entre nativas e importadas.
Segundo a engenheira ambiental e supervisora do meio ambiente responsável pela siderúrgica, fazenda e a mina da CSC, Poliana Oliveira, disse que as mudas serão plantadas em duas fases, divididas em seis meses.
Questionada sobre o consumo de água e o processo de irrigação, explicou que precisa-se de água desde o momento do lançamento da semente até brotar nos viveiros, e durante este período de 60 dias deve ser irrigada até alcançar o tamanho ideal para ser feito o plantio na fazenda de forma definitiva.
Afirmou que, neste momento, não há necessidade de uma irrigação mecanizada, dado o início do período chuvoso que vai até ao mês de Abril.
Dentre os vários objectivos da acção, segundo informou a engenheira, o destaque recai para a necessidade de dar sustentabilidade e resposta ao trabalho de desmatação, como forma de garantir e assegurar a geração de carvão suficiente para a produção do ferro gusa, sem prejuízo ao meio ambiente.
Questionada sobre a garantia da actividade caso não haja chuva, respondeu: “se falhar a chuva existe uma estrutura para molhar as plantas usando o “hidrogel”, que permite que a planta continue com água, mesmo numa condição de extrema seca, por até 15 a 20 dias, de maneira que se for feita uma ou duas regas por mês, então a viabilidade do plantio é grande à semelhança do que é feito nas regiões de autoprodução de eucalipto.
Outro objectivo tem a ver com a necessidade da sustentabilidade ambiental e a manutenção da “curtina verde” na região, sendo que o período de maturação varia entre cinco e sete anos desde o plantio à fase de crescimento.
A acção representa uma resposta ao trabalho inicial de desmatação, cuja lenha está a ser utilizada para a produção de carvão em altas quantidades para o funcionamento dos fornos industriais utilizados para a produção ferro gusa, material intermédio entre o ferro bruto e o aço.
O eucalipto em causa produz até sete vezes mais do que a mata nativa, o que significa que plantando o eucalipto a quantidade de mata derrubada é infinitamente inferior.
Responsabilidade social da Companhia Siderúrgica do Cuchi
Quanto à responsabilidade social, Luis Octavio afirmou que a empresa tem realizado algumas acções de benevolência em prol do bem-estar das populações, desde feira de saúde, entregas de bens diversos, entre outros.
Disse que, recentemente, a empresa procedeu à entrega de vários imputes agrícolas que beneficiaram milhares de famílias camponesas, no quadro da presente campanha agrícola 2024/2025.
De outras actividades em curso, realçou que decorrem neste momento parte de trabalhos de distribuição de água potável na sede do município do Cuchi destinado às populações.
A responsabilidade social da Companhia Siderúrgica do Cuchi é sustentada pelo projecto “Kuyunga”, termo derivado da Língua Nganguela que significa “contribuir”.
O projecto resume-se como forma de deixar um legado, argumentando que nos dias que correm as empresas deixarem de se focar apenas nos lucros, mas no propósito social e prevê a elaboração de um Plano Director Municipal para permitir um melhor ordenamento do território adaptável a nova realidade, assim como a construção de um novo bairro onde poderão residir todos os funcionários da companhia.
Outro eixo do projecto está voltado à promoção do investimento local, uma realidade que já está em curso, com uma interacção com pequenos empreendedores.
O protótipo inclui o trabalho com a Administração Geral Tributária na retirada dos comerciantes e empresários da informalidade e que possam realizar um serviço dentro da formalidade.
Outra contribuição está ligada ao fomento da agricultura familiar, fornecendo sementes e assistência técnica, melhoria das escolas, principalmente com a capacitação dos professores e a implementação de cursos técnicos, ao passo que na área de saúde o projecto prevê melhorar as unidades públicas, bem como dar treinamento aos profissionais da área. O desporto e a cultura são igualmente parte do projecto. MSM/FF/PLB