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Corredor do Lobito gerido por consórcio

     Economia              
  • Luanda • Terça, 19 Julho de 2022 | 16h48
Comboio do Caminho-de-Ferro de Luanda
Comboio do Caminho-de-Ferro de Luanda
Kinda Kyungu/ANGOP

Luanda  – O consórcio Trafigura Group Pte, Vecturis, Mota-Engil, Engenharia e Construção África vai gerir, por um período de 30 anos, o Corredor do Lobito.

O consórcio vai assumir a operação, a exploração e a manutenção do transporte ferroviário de mercadorias entre o Lobito e o Luau, assim como a manutenção de toda a infra-estrutura existente ao longo do Corredor.

Com um valor de 100 milhões de dólares de prémio de assinatura da concessão, o Ministério dos Transportes, em nota de imprensa a que  ANGOP teve acesso, diz que que vai  permitir diferenciar os concorrentes, com base na sua capacidade financeira, face à dimensão dos activos em causa.

Com as rendas negociadas,  o Estado angolano prevê arrecadar, em cada período de 10 anos, receitas de  319.436703,19 de dólares, nos primeiros 10 anos,  787.455.410,86 dólares, entre o décimo primeiro e o vigésimo, e  USD 919.053.959,17, nos últimos 10 anos.

Ao nível do transporte de carga, as previsões apontam para 1.677,70 toneladas no 5º ano de concessão, 2.982,31 de toneladas, no décimo ano, 4.979,23 toneladas, no vigésimo ano, e 4.979,23 toneladas, no trigésimo e último ano.

Nos termos da concessão, agora adjudicada, o concessionário vai investir  256.039095 dólares em infra-estruturas, 73.396.479 dólares, em equipamentos e material circulante, e um valor adicional de 4.345,235 dólares em actividades diversas.  

A concessão tem a duração de 30 anos, podendo ser extensível a 50 anos, caso o concessionário opte por construir o ramal ferroviário Luacano (Moxico) – Jimbe (Zâmbia).

A adjudicação do Corredor do Lobito encerra, segundo com o Ministério dos Transportes, outros benefícios relevantes para o país, designadamente o impacto directo no desenvolvimento de indústrias, "fortemente" dependentes da cadeia logística, como são a agricultura e as minas, e a consequente criação de empregos em cada uma delas.

Vai ainda permitir  criar oportunidades para o desenvolvimento de pequenos negócios adjacentes ao transporte ferroviário e uma alternativa ferroviária competitiva, face ao transporte rodoviário, capaz de contribuir para a redução das tarifas de transporte de carga. 

A  exploração do Corredor do Lobito vai permitir que o transporte ferroviário propicie um conjunto de benefícios, contribuindo para o desenvolvimento local e regional. 

O mesmo poderá  contribuir  para o Produto Interno Bruto (PIB), estimado entre 1,6 a 3,4 mil milhões de dólares, de acordo com o titular da pasta, Ricardo Viegas D’Abreu, citado no documento. 

Para o governante, a  comprovada capacidade técnica e a robustez financeira das empresas integrantes do consórcio, são uma garantia para a correcta operacionalização do transporte das mercadorias no Corredor do Lobito. 

Com mais de 70 anos em Angola, a Mota Engil é uma das principais prestadoras de serviços de construção de infra-estruturas, a nível mundial.

Alia-se no consórcio vencedor, a multinacional líder em distribuição de metais e minerais em todo o mundo, a Trafigura, e à Vecturis, operadora ferroviária de origem belga, com actividade de transporte ferroviário (passageiros, minérios e carga comercial) em países africanos, como a República Democrática do Congo, Tanzânia, Camarões, Madagáscar, Côte d’Ivoir, Burkina Faso e Argélia, e também no Brasil, Rússia e Paquistão. 

Actualmente, a principal receita do Corredor do Lobito advém do transporte de minerais, provenientes da exploração na região do Copperbelt (englobando a RDC e a Zâmbia), no sentido descendente (Luau/Lobito) e com destino à exportação para o mercado internacional.

O Corredor do Lobito, que favorece os negócios das grandes e das pequenas empresas, iniciou em 1899, ano em que o Governo português retomou a construção da ferrovia para dar acesso ao interior e às riquezas minerais do Congo Belga.

O mesmo conta com uma extensão ferroviária de 1.866 quilómetros, sendo que 1.344 quilómetros, somente em Angola, dando acesso à parte mais interior do país e da RDC. Em Tenque, encontra-se ligado aos sistemas ferroviários da RDC e da Zâmbia.

Através da ligação à Zâmbia, é possível chegar-se à cidade da Beira, em Moçambique, e a Dar-es-Salaam, na Tanzânia, junto ao oceano Índico, facilitando as trocas comerciais.Também se encontra ligado, indirectamente, ao sistema ferroviário da África do Sul, fazendo parte de uma rede ferroviária transcontinental.

A linha férria do Caminho de Ferro de Benguela (CFB), em concreto, está dotado de infra-estruturas modernas, com 67 estações.

A linha-férrea começou a ser construída em 1903 e ficou pronta em 1929, com um acordo de concessão de 99 anos.

O contrato de concessão de exploração, de 99 anos, atribuído à Companhia do CFB SARL, terminou a 28 de Novembro de 2001, revertendo a favor do Estado angolano todos os meios fixos e circulantes da companhia.

 





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