Luanda - O potencial do Corredor do Lobito e a cooperação com África constituíram dois dos principais assuntos que dominaram os debates da conferência de alto nível da União Europeia (UE), que decorreu esta semana, em Roma, Itália, com o objectivo de reforçar os laços entre os países africanos e a UE.
Sob o lema "O Plano Mattei para África e o Global Gateway da UE: um esforço comum com o Continente Africano", o evento reuniu líderes políticos e representantes do sector privado, que debateram iniciativas concretas de cooperação entre a Itália, União Europeia e os países africanos.
A conferência contou com a presença de uma delegação angolana liderada pela embaixadora Maria Cuandina de Carvalho, acompanhada pela embaixadora de Angola em Itália, Maria de Fátima Jardim, segundo uma nota de imprensa a que a ANGOP teve acesso neste sábado.
Na ocasião, os intervenientes destacaram que o Corredor do Lobito, também conhecido como Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB), desempenha um papel estratégico ao conectar o interior africano ao Oceano Atlântico, beneficiando, em particular, países sem acesso ao mar, como a Zâmbia e a República Democrática do Congo.
Mais do que uma simples rota comercial, adianta a nota, o Corredor do Lobito é uma via essencial para a inserção desses países nos mercados globais, facilitando a exportação de minerais, produtos agrícolas e bens manufaturados.
Com uma extensão total de 1.866 quilómetros, o CFB representa uma importante ligação entre o interior e o litoral angolano, assim como entre Angola e seus vizinhos.
A partir do Luau, o CFB se conecta aos sistemas ferroviários da província de Katanga, RDC, e da Zâmbia. Por meio da Zâmbia, o sistema ferroviário também se interliga à Beira (Moçambique) e Dar es Salaam (Tanzânia), reforçando a integração regional e a dinamização do comércio intercontinental.
Citado na nota, o diretor-geral do Ministério dos Transportes de Angola, Eugénio Fernandes, destacou no evento a relevância económica e social do Corredor de Lobito para a região Austral da África.
De acordo com a nota, as discussões ocorreram em três sessões temáticas, abordando projectos em andamento e a sinergia entre o Plano Mattei, promovido por Itália, e a estratégia europeia Global Gateway.
A par disso, ocorreram também sessões paralelas que exploraram outros eixos estratégicos da parceria euro-africana, como infra-estruturas digitais, cooperação energética euro-mediterrânica e a cadeia de valor do café no continente africano.
O evento ocorreu um ano após a Cimeira Itália-África de 2024 e um mês depois da posse da nova liderança da União Africana, presidida pelo presidente de Angola, João Lourenço.
Aberta pelo coordenador do Plano Mattei, Fabrizio Saggio, e pelo diretor-geral para Parceria Internacional da Comissão Europeia, Koen Doens, a conferência foi co-presidida pelo Governo italiano e pela Comissão Europeia, contando com o apoio de Instituições Financeiras Internacionais (IFI).
O evento reuniu também figuras de destaque, incluindo os ministros dos Negócios Estrangeiros da Tanzânia, Mahmoud Thabit Kombo, e dos Transportes da Zâmbia, Frank Tayali, bem como representantes da República Democrática do Congo, dos Estados Unidos e de diversas empresas italianas, africanas e americanas dos sectores industrial, financeiro e bancário.
Tanto o Plano Mattei quanto o Global Gateway priorizam investimentos sustentáveis e estratégicos alinhados às necessidades africanas e aos interesses da UE e da Itália em termos de segurança económica.
Segundo o Governo italiano, essas iniciativas visam impulsionar sectores-chave para gerar impacto duradouro no desenvolvimento socioeconómico do continente, promovendo a participação do sector privado e a transferência de conhecimento. QCB