Luanda - O Banco Nacional de Angola (BNA) regista um nível de crescimento das contas poupança, mas admite ser ainda insuficiente para impulsionar a economia nacional, disse hoje a administradora executiva para a Inclusão Financeira, Beatriz dos Santos.
Com base em dados oficiais de 2021, dos mais de quatro biliões de kwanzas de depósitos concentrados na banca angolana, 36 a 38% representa a poupança efectiva dos clientes, ou seja, dinheiros que os titulares de contas não pretendem movimentar no curto prazo.
Falando na abertura da Oficina de Educação Financeira, que decorre de 31 de Outubro a 5 de Novembro, sob o lema “Construir Independência e Resiliência Financeira”, Beatriz dos Santos sublinhou que a poupança em Angola é um processo e um aprendizado para todos.
“ O país tem um nível de crescimento das contas de poupança, mas por força da Covid-19 e das dificuldades financeiras que foram acontecendo ao longo do mundo, em Angola também sentiu-se a retracção das poupanças”, lembrou a responsável.
Acrescentou que, apesar de não dispor dos dados actuais no momento, ao longo dos anos, o acompanhamento aos bancos demonstra crescimento ao nível dos depósitos a prazo.
Por outro lado, a responsável fez saber que a banca transforma a poupança em crédito para a economia, mas a poupança ainda não é suficiente para utilizar os valores dos depositantes para dar empréstimo e permitir desenvolver a economia nacional.
No quadro do actual contexto, o BNA reitera o seu empenho em prosseguir com o desenvolvimento de estratégias que visam promover hábitos de gestão e poupança no meio dos cidadãos, colocando-os à altura das transformações tecnológicas ao nível do sector financeiro.
Segundo a administradora, o evento serve para relembrar a relevância da poupança na vida das famílias como sinal de alerta face à necessidade de disciplina no processo de tomada de decisões.
Referiu-se também à importância do desenvolvimento de política de educação financeira às necessidades do seu público-alvo, conferindo melhorias no bem-estar das famílias através da ligação da procura dos consumidores aos agricultores, integrando-os nos mercados com impacto sobre a actividade económica em cadeia.
Nesta senda, continuou, “criamos o caderno de educação financeira, direccionado às crianças e adolescentes do ensino primário e secundário e ao público. É o primeiro de uma cadeia de cadernos anuais. Descreve a evolução histórica da moeda no mundo e em Angola, destacando as diferentes etapas da história da nossa moeda, assim como as principais unidades monetárias”, reforçou.
Na ocasião, a ministra da Educação, Luísa Grilo, disse que o mercado angolano conta com vários títulos sobre educação financeira, há 10 anos, lembrando, de igual modo, o protocolo assinado entre o Ministério da Educação e o BNA, que permite introduzir conteúdos nas escolas.
Os conteúdos são programáticos nas diferentes disciplinas, como na disciplina de matemática e de empreendedorismo.
A Oficina de Educação Financeira visa promover a educação financeira no seio das crianças, jovens e adultos, através da partilha de conhecimento sobre gestão de finanças pessoais, com foco na poupança e na elaboração do orçamento familiar.
O evento prevê várias acções, incluindo palestras sobre empreendedorismo, investimento, seguros e fundos de pensões, digitalização do sistema financeiro e actividades lúdicas como teatro, música e dança.
A “Oficina de Educação Financeira” acontece nas celebrações do Dia Mundial da Poupança, que se celebra a 31 de Outubro, e criado com o intuito de alertar os consumidores para a necessidade de disciplinar gastos e de amealhar alguma liquidez, de forma a evitar situações de sobre endividamento.