Luanda - Citadinos de Luanda defendem a conjugação de esforços e a adopção de medidas mais assertivas entre o Governo e parceiros a fim de evitar a especulação de preços, durante a quadra festiva.
Em vésperas do natal e da passagem de ano, alguns cidadãos entrevistados pela ANGOP mostraram-se preocupados face ao eventual aumento de preços dos produtos nos mercados formal e informal, sobretudo bens alimentares, pelo que, apelam para posições rígidas e reformas nos trâmites.
Segundo os consumidores, a situação merece mais atenção e responsabilização, com um diálogo abrangente e o maior número de intervenientes possíveis, uma vez que se vive momentos de inflação.
Em alguns supermercados constatou-se a variação de preços de produtos da cesta básica como o litro de óleo alimentar, a custar entre três e dois mil kwanzas, e o açúcar, cujo quilo pode ser adquirido entre 900 a 1 200 kwanzas, embora haja também produtos que mantiveram o valor, pelo menos até ao fecho desta reportagem, nomeadamente o cartão de ovo (4 500kz) e o pato (5000 kz) em certos supermercados.
No mercado informal, por exemplo, a batata e o tomate sofreram uma alteração de quase cem por cento, custando agora a caixa de tomate de 25 quilogramas 20 mil kwanzas e o balde de batata de 10 kg quatro mil kz.
Porém, há dificuldades por parte das famílias em adquirir os bens de primeira necessidade para poder proporcionar um período de festas condigno.
A citadina Augusto considera que a alteração de preços tem sido relativa, dependente da qualidade do produto, enquanto Antónia Pacavira é de opinião que as dificuldades na aquisição dos alimentos devem-se à fraca capacidade do poder de compra e não tanto aos preços ou a escassez de produtos.
Por sua vez, Ena Caieie referiu ser constante o aumento significativo dos preços, a partir do mês de Novembro, no país, o que, no seu entender, não se justifica, embora reconheça ser uma realidade em outras partes do mundo.
Para si, há ajustes de preços que se impõem, porém, devem ser feitos de forma razoável.
Sugeriu que o Governo fixasse, trimestralmente, preços mínimos e máximos em produtos de maior consumo nesta época.
Noutros supermercados em que se efectuou a ronda, o preço do quilo de açúcar varia entre 969 a 1.310 kwanzas, o de farinha de trigo entre 710 e 1000 kz e o litro de óleo de 2 000 a 3 149 kwanzas.
Em declarações à ANGOP, o coordenador executivo da Associação de Defesa do Consumidor, Gilberto dos Santos, sublinhou ser esta uma problemática há anos, o que dificulta a satisfação das necessidades dos consumidores, apesar de algumas medidas do Governo como a campanha anual contra a especulação de preços, desenvolvida pela Autoridade Nacional de Inspecção Económica e Segurança Alimentar (ANIESA).
Conforme o interlocutor, é tendência, nesta época, produtos como a fuba, farinha de trigo, óleo, açúcar, massa alimentar e o arroz registarem subida de preços.
Apelou para um diálogo com todos os sectores no sentido de encontrar um “denominador comum” para melhores resultados nos próximos anos.
Por outro lado, Gilberto dos Santos denunciou a existência de açambarcamento de produtos no Mercado do 30, guardados em naves para comercialização apenas neste período, o que promove a especulação de preços, facto lamentável.
Sugeriu a realização de um estudo sobre o assunto, sendo a cesta básica constituída por produtos da dieta alimentar saudável de uma comunidade.
“Há toda necessidade de uma reforma no sistema”, asseverou, manifestando a intenção de ver realizado no país um conselho nacional alimentar e nutricional para a criação da estratégia nacional de segurança alimentar e nutricional.
Relativamente à campanha para evitar especulações de preços, o responsável da Associação de Defesa do Consumidor (ADECOR) defende que não deve ser realizada apenas na quadra festiva, pelo que espera medidas contínuas.
No entanto, o chefe de departamento de segurança alimentar da ANIESA, António Maria, explicou que a operação decorre em Dezembro por ser o período de maior oferta e procura, durante o qual a actividade económica tem um “pico”.
A quadra festiva envolve o dia de natal (25 de Dezembro) e a passagem de ano (de 31 de Dezembro a 1 de Janeiro). ML/VC