Cuchi - Vinte mil toneladas de Ferro Gusa, produzidos de Dezembro de 2023 até princípio deste mês de Abril de 2024 pela Companhia Siderúrgica do Cuchi (CSC), no Cuando Cubango, estão a ser transportados para o Porto do Namibe, para exportação, no inicio de Maio, com uma receita de mais de 18 milhões de dólares norte americanos.
A informação foi avançada à imprensa, esta quarta-feira, na sede da vila do Cuchi, que dista a 93 quilómetros da cidade de Menongue, capital do Cuando Cubango, pelo director-geral da Companhia Siderúrgica do Cuchi, Wilton de Oliveira, no âmbito da visita de constatação do funcionamento da CSC, por funcionários da Procuradoria-Geral da República na província, na agenda da semana da legalidade.
Wilton de Oliveira assegurou que neste momento a companhia está a finalizar o carregamento daquele que será o segundo navio, cujo primeiro foi efectuado em 2023, com 19 mil 400 toneladas, que renderam 18 milhões de dólares.
Indicou que a meta, doravante, é atingir uma produção, de três em três meses, de 20 mil toneladas, que possa garantir o carregamento e a exportação de um navio, cujo destino final e o mercado mundial de comercialização está na responsabilidade de uma empresa estrangeira.
O responsável avaliou positiva a experiência do ano 2023, tendo em conta que foi o de arranque da produção do ferro, a par de ter notado a adaptação dos recursos humanos empregues, assim como da população da comunidade que testemunhou o alavancar do projecto.
Repovoamento, força de trabalho e perspectivas
O director-geral fez saber que, nesta altura, a companhia está a trabalhar com a mata nativa, mas que já deu início ao processo de reflorestação das áreas utilizadas, com a plantação de eucaliptos.
Em 2023, informou o gestor, foram plantadas 35 mil mudas de eucaliptos e no primeiro trimestre de 2024 já foram mais de 150 mil, com objectivo de atingir, na época chuvosa que vai de Setembro deste ano até finais de Março de 2025, um a dois milhões de mudas da mesma espécie.
Para alcançar o objectivo, Wilton de Oliveira anunciou a ampliação, este ano, de mais sete viveiros de mudas de eucaliptos, para um repovoamento de 10 mil hectares por ano, área que é igualmente desmatada por cada ano de produção do ferro Gusa.
Aclarou que, para o caso específico de um a dois milhões de mudas de eucaliptos pretendidos, numa primeira fase, a área de plantas será de seis hectares.
O director-geral admitiu que a adaptação da plantação feita em 2023 e a deste ano é positiva, com uma safra de três vezes, de quatro em quatro anos de crescimento, partindo desde da sua qualidade e adubação.
Informou que a CSC conta actualmente com 230 trabalhadores na fábrica, na fazenda de carvão 1.200 e na mina de matéria-prima 60 funcionários.
Produção do carvão
Quanto ao carvão, estimou, para breve e através da aquisição de novo equipamento para o efeito, uma produção de 700 metros cúbicos/dia de toneladas contra os actuais 560 metros cúbicos.
Em relação ao ano 2023, sublinhou o gestor da única empresa do ferro do tipo gusa e a segunda mundialmente, a produção era de 550 toneladas dia, através de 900 fornos, com a intenção, este ano de 2024, aumentar mais 280 fornos, para atingir os 750 metros cúbicos/dia.
Por seu turno, o sub-procurador Geral da República titular, Nilton Muaca, disse que no cumprimento da agenda da Semana da Legalidade da PGR e tendo em conta o lema lançado, constatou-se a preservação do meio ambiente, dentro do projecto da CSC.
O magistrado explicou que, em relação ao meio ambiente, a PGR, no âmbito do lema "O Ministério Público e a tutela do ambiente, desafios e perspectivas”, escolheu como foco a exploração ilegal e a legal de madeira feita no Cuando Cubango.
No caso concreto da Companhia Siderúrgica do Cuchi, o sub-procurador recordou ser uma empresa legal e credenciada para a produção do ferro, tendo em conta que cumpre com a obrigatoriedade de reflorestação das zonas exploradas, sobretudo na preservação da madeira "Mussivi".
Na ocasião, o magistrado assegurou dar sequência à actividade de avaliação da segurança dos funcionários que trabalham nos fornos de produção do carvão, local onde a CSC recebeu mais de um milhão de equipamentos para evitar acidentes de trabalhos.
Por seu turno, o administrador municipal do Cuchi, Joaquim Assureira de Oliveira Catarina, explicou, durante o encontro com a comitiva da PGR, que a sua área de jurisdição é potencialmente rica em flora e fauna, bem em recursos hídricos, que bem explorados podem alavancar da municipalidade.
Informou sobre o registo, nos últimos tempos, do fenómeno da seca que tem assolado o município e, no geral, toda a província do Cuando Cubango, uma situação que tem preocupado as autoridades locais, pelo que se defende a racionalização do uso e preservação do meio ambiente.
De referir que a primeira fase da produção do ferro foi inaugurada em Maio de 2023, com o arranque do funcionamento do primeiro alto-forno, dos três previstos, cujas obras tiveram um orçamento de mais de 60 milhões de dólares, sendo que os mercados privilegiados são Estados Unidos da América, bem como países do continente europeu e asiático.
O município do Cuchi, um dos nove do Cuando Cubango, tem uma superfície de 10 mil e 621 metros quadrados e uma população estimada em 54 mil 505 habitantes, maioritariamente camponeses. ALK/FF/PLB
