Luanda – O país volta a realizar o Censo Geral da População e Habitação, desta com a introdução do modo digital, dez anos depois do primeiro exercício estatístico mais abrangente e complexo registado no período pós-independência.
Por Valentim de Carvalho
O recenseamento anterior, ocorrido de 16 a 31 de Maio de 2014, apurou a existência de 25 milhões 789 mil e 24 habitantes no país.
À semelhança do evento de há 10 anos, o Censo geral 2024 é um processo essencial para a sociedade angolana, na medida em que fornecerá indicadores concretos e actualizados imprescindíveis para a definição de políticas públicas e a tomada de decisões.
Não obstante a possibilidade de a recolha de informações ser feita por tabletes com aplicativo apropriado de colecta de dados, a tarefa afigura-se bastante árdua, a julgar pelo movimento demográfico e habitacional ocorrido neste intervalo de tempo, a nível do território nacional, daí ser necessário maior rigor, empenho e seriedade de todos os intervenientes durante os 30 dias em que vai decorrer o processo, cujo início está aprazado para o dia 19 deste mês.
Reside, nesta acção, o desafio, em grande dimensão, de alcançar e assegurar uma informação estatística estrutural de qualidade, que agregue as principais características demográficas habitacionais e sociais mais actualizadas do último decénio.
Para atingir a recolha efectiva de dados, a preparação do evento obedeceu, de forma criteriosa, outras fases essenciais, nomeadamente, a actualização cartográfica e o recenseamento piloto, visando garantir o cumprimento de princípios e o rigor que se impõe à realização de eventos desta magnitude, sendo que o êxito da sua execução “obriga”, naturalmente, ao alinhamento das diferentes forças vivas da nação no que concerne à mobilização e sensibilização da população.
É, no entanto, unânime que os dados a serem fornecidos aos agentes censitários, nesta difícil mas não impossível missão, sejam fiéis e reais, no sentido de permitir que a sociedade conheça e compreenda quantos habitantes tem o país, onde estão localizados e como vivem, o que, de certeza, ajudará na actualização da base de dados do Executivo, no planeamento, execução e gestão de tarefas nas mais variadas áreas.
A decorrer sob o lema “Juntos contamos por Angola”, o Censo é organizado pelo Governo angolano, através do Instituto Nacional de Estatística (INE).
O processo envolve 79 mil 423 agentes de campo, divididos em 67 mil 131 recenseadores e 12 mil 92 supervisores, que vão assegurar o trabalho em todo o território nacional, devendo o acto formal de lançamento acontecer na próxima quarta-feira (dia 18), nas instalações do INE, onde estará o “Posto Comando Operacional”.
Entre outras actividades, o plano contempla o workshop de abertura oficial do inquérito, atractivo cultural e o recenseamento de casos especiais como os sem abrigo, que deve ser feito a partir da meia-noite do dia 19, reservando para horas mais tarde a recolha de informação junto das famílias para preencher o questionário censitário.
A batalha, que se espera desenfreada e incansável, levará os recenseadores em direcção aos quatro pontos (Norte, Sul, Este e Oeste) desde as zonas urbanas às mais recônditas áreas rurais existentes em Angola.
A realização do Censo é uma recomendação das Nações Unidas que acontece num período de dez anos, com vista a catalogar a dinâmica da população dos países e facilitar a tomada de decisões assertivas nas políticas públicas dos Governos.
O Censo Geral da População e Habitação 2024 estava previsto para iniciar a 19 de Agosto, tendo sido adiado, para Setembro, por razões de logística.
Reza a história ter-se realizado, no país, um censo antes da independência nacional, em 1970. VC/ADR