Luanda – O Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA) anunciou, esta terça-feira, a redução do coeficiente de Reservas Obrigatórias, em moeda nacional, de 21% para 20%, com vista a libertar liquidez na ordem de 100 mil milhões de kwanzas e situar as taxas do mercado monetário interbancário em torno da taxa directora.
O facto foi anunciado, hoje, pelo governador do BNA, Manuel Tiago Dias, durante a primeira conferência de imprensa de 2025, no âmbito da 121.ª reunião do CPM, realizada nos dias 20 e 21 do corrente mês, em Luanda.
Por outro lado, o gestor do Banco Central avançou que o comité, órgão responsável pela formulação da politica monetária do país, decidiu também manter a taxa BNA em 19,5%, taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez em 20,5% e a taxa de juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez em 18,5%.
Quanto ao comportamento dos preços na economia, recordou que a inflação acumulada, em 2024, situou-se em 27,5%, mantendo os preços de bens e serviços num patamar elevado.
Apesar da alta dos preços, referiu que no ano passado, registou-se toda um abrandamento da inflação mensal, anunciado em Maio de 2024, assim como a homologa desde o mês de Agosto, após os picos de 2,61 e 31,09 observados em Abril e Julho, respectivamente.
Apontou o ajuste dos preços dos transportes públicos urbanos e táxis colectivos de passageiros em 233,3%, respectivamente, como um dos factores do aumento dos preços na economia.
A par disso, disse que concorreram para alta dos preços o ajustamento do gasóleo em 48,15% e das propinas e nas escola privadas.
Notas e Moedas em circulação
Em relação à essa temática, Manuel Tiago Dias realçou que, actualmente, estão em circulação um volume de 872 biliões de kwanzas.
Afirmou que o agregado monetário em moeda nacional expandiu 1,15%, em Dezembro último, com variação acumulada fixada em 9,99% em linha com a dinâmica da inflação, o seu objectivo de médio e longo prazo.
O stock de notas e moedas em poder do público aumentou em 10,7%, em Dezembro, e 3,04 em termos acumulados.
Disse que o stock de crédito na economia, em moeda nacional, atingiu 6,06 biliões de kwanzas, em Dezembro, com aumento de 1,78% face a Novembro, tendo uma variação acumulada de 32,77 % ao ano, correspondendo 1, biliões de kwanzas.
Relactivamente ao valor acumulado dos créditos desembolsados aos bancos comerciais, ao abrigo do Aviso 10/2022, relativo ao crédito que as instituições financeiras bancárias devem conceder ao sector real da economia, informou que, desde a entrada em vigor, atingiu um montante de 1,3 biliões de kwanzas, em 2024, contra 1,1 biliões do ano anterior.
Sector Externo
No sector externo, o saldo superavitário da conta de bens, cifrou-se em 1,4 mil milhões de dólares americanos, em Dezembro, um aumento de 1,68% comparativamente ao mês anterior.
Em termos acumulados, o saldo da conta de bens, atingiu, em 2024, 22 mil milhões de dólares face aos 21,8 mil milhões do período homólogo, aumento de cerca de 1%.
Esse facto, afirmou, deveu-se a redução das importações em cerca de 6%, ou seja, USD 894 milhões.
Porém, as importações de bens alimentares cresceram cerca de 5%, que corresponde a 99,6 milhões de dólares, enquanto a de bens essenciais de consumo cresceu cerca de 12%.
Por sua vez, as exportações reduziram em 1,83%, cerca de 676 milhões de dólares, passando de 36 mil milhões para USD 36,2 mil milhões, pela diminuição dos preços de petróleo.
Já as reservas internacionais líquidas, no final de 2024, fixaram-se em 15,6 mil milhões de dólares face aos 14,7 em 2023, aumento de 8%, fruto da valorização dos artigos de reserva, com destaque para o ouro e retorno das aplicações financeiras ao longo do ano.
Os bancos comerciais adquiriram um total de 10,8 mil milhões de doláres, contra aos 9,9 em 2023, dos quais 5,5 mil milhões foram adquiridos na plataforma, 1,97 mil milhões no Tesouro Nacional e 953 mil milhões pelo Banco Nacional, sendo o remanescente adquirido pelos bancos comerciais fora da plataforma.
Ainda no período em análise, a taxa de câmbio depreciou-se em 9,12%, contra cerca de 49% observado em 2023.
Para 2025, perspectiva-se uma taxa de inflação, no final do ano, de 17,5 %, justificado pelas expectativas de melhoria da oferta de bens e serviços e pela adequação das condições monetárias.
Para o presente ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê uma redução dos preços de petroléo para 69,66 dólares por barril, contra os USD 70 projetado pelo OGE/2025 de Angola,
O FMI estima, igualmente, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 3,5%, em 2025. ML/QCB