Luanda – O ritmo de crescimento dos preços de bens e serviços na economia angolana poderá desacelerar e atingir uma taxa de inflação estimada em 23,4%, a partir do II semestre deste ano, perspectivou, esta sexta-feira, em Luanda, o governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Manuel Tiago Dias.
O gestor do Banco Central, que falava em conferência de imprensa enquadrada na 117ª reunião do Comité de Política Monetária (CPM), realizada nos dias 16 e 17 deste mês, na capital angolana, clarificou que, nesse período, os preços poderão registar um ritmo menos acentuado, comparativamente ao ano de 2023, que registou uma inflação de cerca de 28 por cento.
Para que isso aconteça, o governador apontou a necessidade do Banco Central continuar a controlar a circulação da moeda nacional na economia, assim como esperar que as medidas do Governo relacionadas, particularmente, com o aumento da oferta de bens essenciais possam surtir os efeitos esperados e contribuírem para a desaceleração da inflação no país.
Ao citar os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), Manuel Tiago Dias lembrou que a inflação mensal, em Abril último, fixada em 2,61%, tendo a classe de alimentação e bebidas não alcoólicas contribuído com 72%.
Destacou que 24 dos 732 produtos que compõem a matriz do Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) contribuíram com 1,49 pontos percentuais para a inflação total, o que corresponde a 57,19%, com realce para o tomate (0,19 pontos percentuais), pão (0,15), coxas de frango (0,12), arroz grão médio (0,11) e peixe carapau fresco congelado (0,10).
Recordou que o crescimento do preço dos alimentos resulta, fundamentalmente, da insuficiente oferta de produtos de amplo consumo na economia, tendo em conta a redução das importações, que “não têm sido compensadas, na mesma magnitude, com o aumento da produção nacional”.
Os dados do INE apontam que a taxa de inflação homóloga (Abril de 2023) atingiu 28,20%, tendo a classe de alimentação e bebidas não alcoólicas contribuído com 68,12%.
Neste ano, a previsão do BNA aponta para uma inflação de 23,4%, percentagem influenciada, essencialmente, pela subida de preços do gasóleo e dos transportes colectivos urbanos de passageiros, assim como pela inércia inflacionista, segundo o governador do Banco Central.
Inflação mundial baixa para 5,9%
No cenário internacional, Manuel Tiago Dias lembrou que as projecções divulgadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), em Abril último, prevêem, para 2024, uma redução da taxa de inflação mundial de 6,8%, em 2023, para 5,9 por cento.
Apesar dessa redução esperada, avançou que os bancos centrais se mostram cautelosos quanto à inversão do curso da política monetária, devido à resiliência demonstrada por algumas economias e aos factores geopolíticos.
No mercado das commodities energéticas, referiu que o preço médio do petróleo subiu nos meses de Março e Abril, face às expectativas de uma menor oferta, resultante do agravamento dos conflitos geopolíticos.
Adicionalmente, o FMI estima também o contínuo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial de 3,2%, igual percentagem observada em 2023. QCB