Luanda - O Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola (BNA) decidiu aumentar o coeficiente das Reservas Obrigatórias em Moeda Estrangeira, de 17% para 22%, e elimina a obrigatoriedade de cumprimento parcial em moeda nacional.
Reunidos de 27 a 28 do mês em curso, em sessão ordinária, o Comité de Política Monetária (CMP) do BNA analisou o comportamento recente e as perspetivas dos principais indicadores económicos.
Em conferência de imprensa, o governador do Banco Nacional de Angola, José de Lima Massano, referiu que tal ajustamento no coeficiente de Reservas Obrigatórias para a Moeda Estrangeira visa fazer a gestão dos instrumentos disponíveis a nível do monitoramento da liquidez, em que se utiliza ainda o mecanismo das reservas obrigatórias.
José de Lima Massano explicou que os bancos comerciais, daquilo que captam do público, 22% da moeda nacional é mantida no Banco Central (as chamadas Reservas Obrigatórias).
Para a moeda estrangeira, os bancos comerciais cumpriam, antes desta medida, uma reserva de 17%, ou seja, o coeficiente das reservas obrigatórias é mais alto para a moeda nacional do que para a moeda estrangeira.
Desta feita, o Comité de Política Monetária trouxe um mecanismo adicional em relação à moeda estrangeira, em que 2%, dos 17% da reserva, os bancos comerciais cumprirem em moeda nacional.
Desta feita, o regulador decidiu eliminar os referidos 2%, passando a ser cumprida totalmente em moeda estrangeira, o que vai permitir libertar maior liquidez para o sistema bancário, libertando, numa primeira fase, 140 mil milhões de kwanzas, de acordo com o governante.
Apesar do ajuste feito no coeficiente da reserva obrigatória, o CPM decidiu manter a taxa básica de Juro, Taxa BNA, em 15,5%, a taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez indexada à taxa de juro de mercado dos Bilhetes do Tesouro para 91 dias, acrescida de 0,5%, e a taxa de juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez com maturidade de sete dias em 12%.
O BNA admite que persistem as pressões inflacionistas com origem no lado da oferta, olhando para o Índice de Preços no Consumidor Nacional que registou uma variação de 1,78% e 2,09% em Março e Abril de 2021, respectivamente, levando a inflação acumulada para 7,65% e a homóloga para 24,82%, em Abril.
O aumento da inflação decorreu, fundamentalmente, do maior incremento na variação de preços da classe de alimentação e bebidas não alcoólicas, reflexo do choque de oferta agregada de bens alimentares, justificado pela redução da oferta interna que não foi suficientemente compensada por importações.
Quanto à Base Monetária em moeda nacional, variável operacional da política monetária, concluiu-se que registou um crescimento de 5,46% no mês de Abril.
Desde o início do ano, a Base Monetária expandiu-se em 8,53% e em termos homólogos a expansão atingiu 15,41%.
O agregado monetário M2 em Moeda Nacional, variável intermédia da política monetária, registou uma ligeira contracção de 0,28% no mês de Abril e de 1,08% em termos acumulados, tendo nos últimos 12 meses se observado uma expansão na ordem de 21,26%.