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BNA e importadores analisam “desequilíbrios” dos preços dos bens alimentares

     Economia              
  • Luanda • Sexta, 06 Agosto de 2021 | 16h54
Governo tem procurado reduzir importação de produtos pecuários
Governo tem procurado reduzir importação de produtos pecuários
Rosário dos Santos

Luanda – O Banco Nacional de Angola (BNA) e os principais importadores e distribuidores de bens alimentares reuniram nesta sexta-feira, em Luanda, para analisar a inflação de preços dos produtos que compõem a cesta básica, com base na oferta e procura no mercado interno.

O evento, que decorreu a porta fechada, foi orientado pelo governador do BNA, José de Lima Massano, que, com os operadores económicos, reviu as principais causas do aumento de preços, justificado pelo contexto internacional, agravada com a pandemia da Covid-19  e questões climáticas. 

A produção nacional, que ainda não satisfaz a demanda, apesar das mais variadas iniciativas em curso,  foi outro assunto avaliado neste  encontro de auscultação que  reuniu os principais  stakeholders ligados à importação e distribuição de produtos, entre os quais a Angoalisar, a Ecodima, Max,  Shoprite, Newaco, Leonor Carrinho, Candando, Anseba, num total de 22  empresas. 

O  vice-governador do Banco Nacional de Angola, Tiago Dias, admitiu  que se tem estado a constatar  uma certa “rigidez” no comportamento dos preços na economia, influenciado, substancialmente, pelas classes de alimentação e de bebidas não alcoólicas. 

Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados em Julho,  indicam que as duas classes  (alimentação e bebidas não alcoólicas) foram as que mais contribuíram para a taxa de inflação do mês de Maio e Junho, com 0,53 pontos percentuais. 

“Por isso, entendemos convidar os operadores com quem dialogamos e colhemos  alguns  subsídios que permitam  uma melhor compreensão daquilo que vai acontecendo”, referiu Tiago Dias, apontando factores influenciadores dos preços como  o cenário de outros mercados internacionais, algumas insuficiências internas prevalecentes,  não obstante as diversas iniciativas que têm sido realizadas. 

O vice-governador do BNA acrescentou que as contribuições recolhidas vão merecer a devida análise das equipas técnicas e está convicto, que as mesmas,  poderão ajudar na tomada de decisões, principalmente,  no que diz respeito à política monetária, uma responsabilidade do Banco Central. 

Do lado do BNA, refere que os operadores  reconheceram  registar-se um momento de relativa estabilidade  a nível do mercado  cambial, observada desde o terceiro trimestre do ano de 2020. 

“Há uma maior facilidade na realização de operações cambiais, mas há outras preocupações que não concorrem directamente para a oferta de bens e serviços, no que diz respeito a importação de bens”,  sublinhou. 

Alguns importadores,  no final do encontro,  admitiram o aumento dos preços dos produtos da cesta básica, bem como a redução dos  níveis de importação.  

Eduardo Barbosa, director Financeiro da Angoalisar, manifestou, à margem deste encontro, ajudar na estabilização dos preços no mercado, uma intenção que também depende do mercado externo. 

Os produtos, com destaque para os da cesta básica, como arroz, açúcar, farinha de milho (fuba) e óleo vegetal, são entre os mais procurados e com índices de preços elevados. 

Martinho Mungongo, contabilista da empresa Anseba,  referiu que a inflação dos preços dos produtos e escassez  dos mesmos no mercado está a baixar a capacidade das empresas em manterem as suas infraestruturas. 

Importação cai a 12%   

Os níveis de importação dos produtos da cesca básica, durante o primeiro semestre deste ano, decresceram em cerca de 12% , face ao mesmo período de 2020. 

Da cesta básica, o arroz  foi o principal  produto  importado no primeiro  semestre,  com uma redução de 15%, face ao período homologo, de acordo com dados disponíveis no website da Administração Geral Tributaria (AGT). 

Tiveram ainda valores negativos na importação, a farinha de  milho (fuba), com  -69,9%, farinha de trigo, em -80%,  óleo alimentar de girassol, com -29,7%, óleo de palma -8,7%,  e sabão -99%. 

Com  valores positivos, a cesta registou o açúcar, um dos produtos mais importados, com valores na ordem dos 68%,  óleo alimentar de soja, com 86%,  feijão, com 26,6%,  e sal comum, com 23%. 

Em  termos de divisas, o país gastou mais para a importação de arroz, com  USD 73,1 milhões,  seguido do óleo alimentar de soja,  com USD 58,5 milhões,  USD 50,7 milhões para o óleo de palma, de açúcar, com USD 42,5 milhões, e  leite, USD 37,5 milhões. 

Foram ainda gastos para a aquisição de feijão , USD 12,8 milhões, farinha de trigo, USD 10,1 milhões, e USD 1,2 milhões para a  importação de sal comum.     

As reservas  internacionais líquidas, até 04 de Agosto, deste ano, estavam fixadas em 8.262 mil milhões de dólares ( 5,2 bilhões) para um período de cobertura de 11 meses, de acordo com dados dispostos no website do Banco Central, a que Angop teve acesso. 





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