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BNA defende estabilização de preços na SADC

     Economia              
  • Luanda • Terça, 28 Maio de 2024 | 18h10
Governador do BNA, Manuel António Tiago Dias
Governador do BNA, Manuel António Tiago Dias
Pedro Parente-ANGOP

Luanda - O governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Manuel Tiago Dias, disse, esta terça-feira, ser necessária a adopção de medidas para controlar e estabilizar os preços nas economias da região da África Austral.

O gestor falava na cerimónia de apresentação do Relatório do FMI, de Abril de 2024, sobre "Perspectivas Económicas Regionais da África Subsariana: Uma Recuperação Tímida e Dispendiosa".

Referiu que cerca de um terço dos países da região tem registado taxas de inflação de dois dígitos, pelo que, considerou importante a estabilização dos preços que fazem face a esta situação.

“É notável mencionar a situação em Angola, que tem registado altas taxas de inflação desde o segundo semestre de 2023”, sublinhou.

Acrescentou que a situação na região está relacionada com factores como a depreciação das moedas locais, subida dos preços dos bens alimentares e as condições climatéricas adversas, marcadas por chuvas excessivas e pelas secas extremas.

Do lado fiscal, disse, ainda persistem dificuldades na obtenção de financiamentos, não obstante os esforços das várias autoridades governamentais no continente para consolidar as finanças públicas, que culminaram na redução do défice fiscal e na estabilização do rácio da dívida em percentagem do PIB.

Tal facto tem em conta o actual nível das taxas de juros nos mercados internacionais, que podem tornar o custo do endividamento insustentável para alguns países, as fontes de financiamento interno, assim como agrava os riscos de rollover da dívida pública.

Segundo o governador, é importante encontrar soluções sustentáveis para esses desafios fiscais como parte dos esforços mais amplos para o combate à alta inflação na região.

Por outro lado, deu a conhecer a existência de algumas recomendações feitas no relatório que se traduzem em políticas e reformas estruturais que, uma vez implementadas, poderão alavancar o crescimento e desenvolvimento em África, a médio e longo prazo.

Advogou prudência na condução da política monetária, sobretudo nos países com altas pressões inflacionistas, visando o alcance da estabilidade de preços, mesmo que isso possa ter impacto negativo no curto prazo.

No domínio fiscal, considerou essencial que os países aprimorem constantemente a gestão das finanças públicas, mobilizando recursos e melhorando a qualidade dos gastos.

Tal processo deve ser realizado sem comprometer os investimentos públicos, tendo em conta o seu efeito multiplicador na economia.

“É fundamental encontrar um equilíbrio dentro deste paradigma para garantir o desenvolvimento sustentável”, frisou.

No médio e longo prazo, disse ser essencial implementar reformas estruturais para melhorar o ambiente de negócios e atrair investimentos directos estrangeiros, capazes de impulsionar o processo de diversificação das economias no continente.

Destacou a importância dos apoios internacionais prestados por instituições multilaterais e regionais, quer em termos de assistência técnica, como de acesso às linhas de financiamento com taxas de juros favoráveis.

No entanto, referiu que as reformas não são fáceis de implementar, devido à situação económica do continente e as questões geopolíticas internacionais.

De acordo com o governador do BNA, o relatório apresentado prevê melhorias a nível da região, com um crescimento económico de 3,8% para o ano em curso e de 4,0 em 2025. Este desempenho representa um aumento em relação à taxa registada em 2023 que foi de 3,4%.

FMI reitera crescimento previsto para Angola em 2,6%   

Na ocasião, foram avançados dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), constantes do referido relatório, reiterando que esta instituição financeira prevê um crescimento para Angola, este ano, na ordem dos 2,6%. Em 2023 registou-se 0,9%.

O representante residente do FMI em Angola, Victor LLedo, disse que o crescimento de Angola encontra-se abaixo da média da região.

Neste capítulo, a Nigéria e o Senegal estão com perspectiva de maior crescimento para 2024 na região, com 10,4 por cento e 8,3 por cento, respectivamente, fruto da entrada em funcionamento de projectos de gás e petróleo, de acordo com o documento.

Referiu que em Angola a inflação apresenta uma tendência ascendente desde Junho de 2023, tendo atingido 28, 2 por cento em Abril último, o maior nível desde Junho de 2017.

Quanto ao saldo primário não petrolífero do país, indicador relevante de ajuste fiscal, Victor LLedo frisou que o mesmo está a melhorar, esperando-se que decline menos de 8,5 por cento de 2022 e convirja para cerca de 5 por cento em 2024, meta operacional estabelecida dentro da Lei de Sustentabilidade das Finanças Publicas (LSLP).

Segundo o relatório, o rácio da dívida pública de Angola cresceu mais de 20 pontos percentuais para 88 por cento do PIB, em 2023, em função da forte depreciação cambial, mas deve declinar para cerca de 70 por cento do PIB em 2024, pelos ajustes fiscais em curso, atingindo os 60 por cento do PIB até 2026.

O diferencial da dívida soberana diminuiu de cerca de 1.200 p.b, em Julho de 2022, para cerca de 550 p.b, em Março de 2024, um decline de 650 p.b.

Os equilíbrios macro-económicos reduziram, sendo que a inflação global mediana diminuiu  de um pico de quase 10 por cento, em Novembro de 2022, para cerca de 6 por cento, em Fevereiro de 2024.

O relatório considera como sinais encorajadores a recuperação económica, a redução dos desequilíbrios macro-económico e a reabertura dos mercados internacionais.

Como desafios, apresenta a continuação da contracção do financiamento, o baixo crescimento percapita e choques em cascata.

Já como prioridades de política para os países, o documento sugere o ajustamento orçamental, sem comprometer o desenvolvimento dos Estados, a política monetária, que deve se manter focada na redução da inflação, bem como reformas estruturais para a diversificação das economias. ASS/VC





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