Luanda - As instituições financeiras bancárias compraram divisas no montante de 7,9 mil milhões de dólares, em 2021, das principais fontes de divisas, dos quais USD 3,3 mil milhões do sector petrolífero, a maior fonte de receitas de Angola.
Do valor comprado, cerca de USD 3,1 mil milhões foram adquiridos ao Tesouro Nacional, USD 820,5 milhões ao sector diamantífero e USD 675,7 milhões ao Banco Nacional de Angola, representando perto de 8,5% do total adquirido pelos bancos a essas fontes, por via da plataforma electrónica Bloomberg FXGO.
De acordo como relatório sobre a Evolução do Mercado Cambial/2021, publicado pelo Banco Nacional de Angola, no seu site, no período em referência observou-se intervenções pontuais do BNA no mercado cambial, e dessa instituição os bancos compraram menos 79,5% de divisas relativamente ao período homólogo de 2020.
A entrada em vigor do Aviso N.º 04/2021, de 5 de Abril de 2021, que prevê que as empresas exportadoras recebam as receitas em bancos domiciliados no país e o acesso das companhias aéreas e seguradoras na Plataforma da Bloomberg, contribuíram, igualmente para a procura e maior oferta da moeda estrangeira.
O Banco Central interveio sempre que houve necessidade de assegurar o normal funcionamento do mercado cambial e dar maior folga para se gerir as disponibilidades externas do país diante dos desafios da pandemia da Covid-19, sobretudo para mantê-las confortáveis para financiar as despesas imprescindíveis da balança de pagamentos.
Mercado cambial estável
Em 2021, o mercado cambial foi marcado pela estabilidade e apreciação da moeda nacional face às principais moedas internacionais, num cenário em que a oferta de moeda estrangeira superou a procura dos bancos comerciais.
No ano em referência, a taxa de câmbio do Kwanza em relação ao dólar americano reflectiu a apreciação da moeda nacional, passando de USD/AOA 656,2 em Dezembro de 2020 para USD/AOA 555,0 no ano passado, correspondendo a uma apreciação do kwanza de 18,2%.
A tendência da taxa de câmbio USD/AOA observada no mercado foi a mesma da taxa de câmbio cruzada (“cross rate”), a partir do par EUR/USD, tendo como fonte os dados do Banco de Portugal, o que demonstra a apreciação nominal da moeda nacional face às principais moedas internacionais.
Assim, a taxa de câmbio do Kwanza em relação ao Euro continua a ser calculada com base na "cross rate" EUR/USD cotada no mercado internacional.
A taxa de câmbio EUR/AOA resultante da evolução do par EUR/USD, cujo comportamento é ditado por factores internacionais, registou, igualmente, uma apreciação, passando de EUR/AOA 805,1 em Dezembro de 2020, para EUR/AOA 629,0 em 2021, representando uma apreciação de 28,0%.
A estabilidade revista é justificada pelo BNA com a consolidação da transparência e garantia de maior fluidez nas transacções de moeda estrangeira aos principais provedores destas ao mercado, com destaque para o Tesouro, empresas dos sectores petrolífero e diamantífero, o próprio Banco Central, companhias aéreas e seguradoras.
Estes influenciaram no aumento das possibilidades dos bancos em adquirirem moeda estrangeira, embora os níveis actuais estejam acima das necessidades, o que tem contribuído para a apreciação da taxa de câmbio.
De acordo ainda com o documento, a recuperação do preço do petróleo e o consequente aumento das exportações angolanas também influenciaram uma maior oferta de divisas, o que contribuiu para a performance positiva da conta corrente da balança de pagamentos até ao terceiro trimestre de 2021.
Adicionalmente, os recursos advindos das condições favoráveis do mercado petrolífero, a atribuição de SDR - Direitos Especiais de Saque pelo Fundo Monetário Internacional , aos países membros, e os desembolsos externos recebidos do FMI melhoraram o stock de reservas internacionais em 2021.