Luanda - A directora-geral do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) para Africa Austral, Leila Mokadem, enalteceu, esta terça-feira, o Executivo angolano pelos resultados alcançados com as reformas macroeconómicas implementadas nos últimos cinco anos.
Em Angola, para uma visita de trabalho de dois dias, Leila Mokadem manteve encontro com a ministra das Finanças, Vera Daves, com quem abordou questões ligadas aos progressos alcançados pelo Executivo no domínio da macroeconomia, no programa de financiamento do BAD e sobre as novas perspectivas de cooperação.
No quadro dos progressos alcançados, com destaque para a estabilização fiscal e a diversificação da economia, Leila Mokadem avançou que a sua instituição renova o apoio ao Executivo angolano, nos mais variados domínios.
Em declarações à imprensa, no final do encontro, a responsável do BAD destacou apoios ao sector privado para a sua integração “celere” na economia, além do fomento do empreendedorismo no seio dos jovens.
“Estamos aqui para renovar as parcerias entre o BAD e o Governo”, afirmou, realçando o contínuo investimento no sector da agricultura, por entender ser um sector crucial para a diversificação da economia nacional.
Com uma abordagem multidimensional para o agro-negócio, o BAD olha para a gestão dos recursos hídricos, o fortalecimento da cadeia de valor, das infraestruturas de apoio ao agro-negócios, a logística e comercialização dos produtos agrícolas.
Empréstimo ronda os USD três mil milhões
A directora-geral do BAD não quis falar do valor dos empréstimos para Angola, mas dados oficiais indicam que o mesmo já ronda os três mil milhões de dólares no sector público, um terço dos quais em projectos ainda em curso.
Em entrevista, recente, a Agência Lusa, o representante do BAD em Angola, Pietro Toigo, revelou que a actividade do BAD em Angola aumentou significativamente na última década, sobretudo nos últimos cinco anos, mas apenas com projectos do sector público.
De acordo com o responsável, Angola aderiu ao Banco Africano de Desenvolvimento na década de 1980 e, desde essa altura, a instituição financeira investiu cerca de três mil milhões de dólares (3.066 milhões de euros, ao câmbio atual) no país, tendo sido aprovados 53 empréstimos e doações.
Um terço deste montante é relativo a 11 projectos actualmente em fase de implementação, com destaque para o sector da energia, que absorve 50% do total.
Outros projectos estão ligados à agricultura (cerca de 12%), água e saneamento (12%), finanças (12%) e social (9%) e multissetores.
O BAD está a preparar a próxima estratégia para Angola, cobrindo o período 2024-2028, e deverá apresentar o próximo ciclo de financiamento entre Julho e Setembro de 2023.
O financiamento dos projectos depende da avaliação da capacidade de empréstimo ao país e do diálogo com as instituições angolanas, no âmbito do qual será definida a estratégia a seguir e os sectores prioritários para o desenvolvimento do país.
Tendo em conta as prioridade do BAD em África destaca-se o apoio à industrialização, integração regional, transformação agrícola, melhoria da qualidade de vida e acesso universal à electricidade.
Os projectos são desenvolvidos em conjunto com os peritos do banco, sendo posteriormente apresentados perante o conselho de administração, onde estão representados os 81 accionistas da instituição financeira, incluindo 54 países africanos e 27 não-africanos.