Luanda – O presidente da Federação Nacional das Cooperativas Pecuárias de Angola (Fenacoop), Salvador Rodrigues, defendeu maior aposta no capital humano e melhor distribuição, a fim de se explorar a capacidade pecuária de que o país dispõe e abastecer o mercado em 50 por cento.
Segundo o líder cooperativo, que falava por ocasião do “Dia do Criador de Gado”, assinalado sábado último, no Cuanza-Norte, o aumento de conhecimento no seio da classe vai permitir que haja mais manada e que se possa criá-las com sustentabilidade.
Considerou não existir pecuária sem agricultura, pelo que alertou ser urgente a formação, porquanto o país "tem capacidade suficiente" para abastecer o mercado nacional em pelo menos 50%, se bem estruturada a sua cadeia logística.
Dados do Recenseamento Agro-pecuário e Pescas (RAPP), lançado pelo Instituto Nacional de Estáticas (INE), em 2021, indicam que existem no país aproximadamente seis milhões de cabeças de gado bovino, das quais quatro mil são controladas pelo Ministério da Agricultura e Florestas e 200 mil pertencem ao sector empresarial privado.
Em termos de produção pecuária, quatro províncias do Sul de Angola dão peso ao sector, designadamente, Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango.
O responsável da federação que controla mais de 20 cooperativas entende ser necessária a reestruturação do agro-negócio, uma das cadeias de valor da pecuária.
Na sua óptica, precisa-se de mais matadouros, equipamento de frio e outros meios para poder-se fazer os abates em condições de higiene e segurança alimentar boas e passar pelo circuito comercial.
Na ocasião, o presidente da cooperativa do Cuanza-Sul, Francisco Figueiredo, manifestou o desejo na melhoria genética e potenciação das fazendas com mais gado bovino, referindo que a pretensão é substituir as importações.
Afirmou que os criadores têm feito um esforço com os recursos disponíveis e esperam que o Plano Nacional de Fomento e Desenvolvimento da Pecuária (Planapecuária) funcione no pacote aprovado de cerca de 300 milhões de dólares americanos, para que possam levar a cabo algum plano.
Em termos de produção, o também presidente da União das Cooperativas Bengo, Cuanza-sul e Luanda disse existirem “ilhas” no país, com umas regiões melhores que outras quanto à capacidade de financiamento junto das instâncias afins.
O Executivo aprovou, em Dezembro de 2022, o Plano Nacional de Fomento e Desenvolvimento da Pecuária (Planapecuária 2023-2025), enquadrado num conjunto de medidas que visam fomentar a produção de carne, leite e ovos.
O principal objectivo do Plano, orçado em quase 300 milhões de dólares americanos, é garantir a auto-suficiência alimentar e nutricional das populações.
A medida visa combater a fome e a pobreza, aumentar os rendimentos dos produtores e de outros intervenientes na cadeia de valor da produção de carne, bem como aumentar a produção pecuária nacional para a satisfação das necessidades de consumo interno, para as exportações e aumento do PIB do país. HM/VC
