Luanda - A comissária da União Africana para Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável, Josefa Sacko, reiterou, esta sexta-feira, em Luanda, o grande potencial de Angola no sector da economia azul, com destaque para as pescas.
“A economia azul representa o uso sustentável dos recursos oceânicos para o desenvolvimento económico, melhores meios de subsistência e empregos, e a saúde do ecossistema oceânico”, explicou Josefa Sacko.
A embaixadora falava no âmbito do tema "O desafio da igualdade de género no âmbito da economia azul", no “ Fórum sobre participação da mulher na economia azul”, inserido na 10ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Organização dos Estados da África, Caraíbas e Pacífico (OEACP), que se realiza hoje e sábado.
Referiu que Angola pode aproveitar a economia azul para equilibrar a diversificação da economia, pelo que deve-se empoderar as mulheres em toda a cadeia de valor para incluí-las, desde a pesca até à venda, visto que são responsáveis de 27 por cento da indústria pesqueira.
A cimeira, disse, vai permitir aos países alinhar as agendas, com ênfase na questão climática e segurança alimentar, esperando que as abordagens sejam na perspectiva de reforçar o que está a ser feito e a acelerar as ambições.
Sobre a pirataria, informou que a nível da UA foram criados centros de excelência nas cinco regiões para trabalhar na segurança marítima e evitar a perda de dinheiro, actualmente cifrada em 34 por cento.
Na abertura do encontro, a ministra angolana da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MASFAMU), Ana Paula do Sacramento Neto, destacou a importância do evento para a sensibilização sobre o género e responder às necessidades da participação da mulher em questões que envolvam a economia azul e as mudanças climáticas.
Referiu que o potencial das mulheres na dinamização da economia dos países, deve ser a aposta no seu empoderamento como forma eficiente e segura de garantir taxas de crescimento sustentáveis.
As mulheres, acrescentou, têm desempenhado um papel de liderança na luta contra algumas das maiores ameaças ambientais no planeta, desde as mudanças climáticas até a perda da biodiversidade e a poluição.
No caso de Angola, realçou, destaca-se a jovem ambientalista Fernanda René um exemplo a seguir pelo seu contributo em prol do meio ambiente, na conservação dos mangais e dos flamingos.
Reconheceu que as barreiras persistentes quer sejam sociais, económicas e culturais impedem as mulheres de alcançar todo o seu potencial e participar de forma plena na vida pública dos seus países.
Neste sentido, lembrou, o Governo Angolano assinou e ratificou, a nível internacional e regional, importantes Convenções ligadas à mulher, com destaque para a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, a Plataforma de Acção de Beijing, o Protocolo de Maputo, a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, e o Protocolo da SADC sobre Género e Desenvolvimento, que permitiram alinhar as políticas para garantir os Direitos Humanos das mulheres e assegurar a Equidade e igualdade de Género.
Considerou que a realização da Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da OEACP, em que Angola assumirá a presidência da organização, vai coroar o trabalho que o país tem vindo a desenvolver nos últimos anos em torno das temáticas relacionadas à economia azul.
Para si, a economia azul em Angola é um sector visto como estratégico para o desenvolvimento económico, salientando que os mares e oceanos, além de constituírem importantes activos económicos carecem de protecção e preservação.
Durante o evento, de um dia, foram igualmente apresentados os temas "O papel da mulher da protecção e conservação dos mares e oceanos" e "A mulher e a economia azul como recurso para o combate à pobreza, bem como o testemunho de um caso de sucesso de um projecto de processamento de pescado para mulheres em Angola.